FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR
Presidente Dilma Rousseff poderá decidir o valor do mínimo e ter o aval da base aliada
O esforço das centrais sindicais em emplacar o salário mínimo de R$ 580 pode ser em vão. Cientistas políticos apontam que a presidente Dilma Rousseff (PT) possui capital político para decidir pelo reajuste que avaliar mais adequado, mesmo que isso contrarie os trabalhadores. Aliados da presidente apostam no diálogo e em um valor pouco acima dos R$ 545.
O reajuste do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda é o primeiro desafio da gestão de Dilma, com a possibilidade de enfrentar conflitos com as centrais sindicais. O cientista político e professor da PUC-Minas, Malco Camargos, afirma que esse é “apenas o primeiro conflito” que a presidente vai enfrentar e que outros virão. Para ele, as centrais não possuem “poder de barganha” com o governo.
No entanto, o professor avalia que por estar no início do mandato, Dilma “não precisa ceder” às pressões das centrais e determinar o valor do salário mínimo e da correção do Imposto de Renda que achar mais adequado. “Ela pode tomar uma decisão mais técnica e menos política agora”, diz Camargos. A opção mais técnica seria um reajuste menor do mínimo em 2011, para que o governo possa fazer um ajuste nas contas e programar um aumento maior para 2012.
O cientista político e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora Paulo Roberto Leal argumenta que a presidente é apoiada por uma parcela significativa da sociedade e possui maioria no Congresso, e por isso seria “pouco provável” que ela faça grandes concessões às centrais e fixe o mínimo em R$ 580. O “cacife político” da presidente permitiria que ela assumisse o ônus da decisão e definisse o valor, sem arriscar deixar que o Congresso fixe o valor.
O deputado federal Gilmar Machado (PT), que participou da Comissão Mista do Orçamento que determinou o valor do mínimo em R$ 540 no final do ano passado, diz que a negociação com as centrais não é “fácil” e que o caminho é mostrar para os sindicalistas que em 2012 o governo pode dar um aumento muito maior. Machado acredita que o mínimo pode chegar a R$ 550. O petista mineiro diz ainda que a presidente quer corrigir a tabela do Imposto de Renda pela inflação para não penalizar os trabalhadores.
Para o senador Paulo Paim (PT-RS), governo e sindicalistas podem chegar a um acordo com “boa vontade” e que “dá para chegar ao valor de R$ 560” para o mínimo. Paim minimiza possíveis reclamações das centrais, caso elas não sejam atendidas e acredita que elas vão continuar apoiando o governo.
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