Aparelhos embrulhados com espuma
e fita adesiva foram apreendidos pela polícia
Uma nova forma de entrar com celulares na Penitenciária de Araraquara é investigada pela Polícia Civil. Embrulhados com borrachas de câmara de ar, espuma e fita adesiva, as chamadas “petecas do crime” são arremessadas aos presos por cima do muro, que tem aproximadamente dez metros de altura.
Como o revestimento amortece a queda, os celulares chegam intactos aos detentos, que os utilizam para falar com familiares e, principalmente, manter suas atividades criminosas.
“É tipo uma peteca criminosa. Eles jogam e a almofada não estraga o objeto”, afirma o delegado Arnaldo Davoglio Filho.
A polícia não soube informar quantos celulares foram apreendidos, mas três casos já foram registrados em Araraquara. No primeiro, em 29 de outubro, dois homens vestidos de preto foram vistos por um agente penitenciário. Um deles aproximou-se do muro e arremessou o pacote, que tinha cinco celulares embrulhados.
O produto, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), foi encontrado pelos policiais e sequer chegou aos presos.
O segundo caso aconteceu no Centro de Ressocialização Masculino da cidade, quando dois homens passaram com uma moto e jogaram um celular embrulhado sobre o muro. O episódio mais recente aconteceu na quinta-feira (17), quando três celulares foram apreendidos pela polícia.
O problema é antigo e nem o alambrado, que serviria para dificultar ações como essa, inibe os infratores. De acordo com um ex-detento, que não quis se identificar, os telefones existem no presido há muito tempo. São comprados e ficam bem escondidos dos agentes nas celas e pátios.
“Está cheio de celular dentro da penitenciária. Para entrar com aparelho lá dentro, fica em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil”, disse.
Soluções
Titular do 1º Distrito Policial de Araraquara, o delegado Arnaldo Davóglio Filho investiga o caso. “Vamos encontrar quem é o preso que está se beneficiando disso e o autor, o petequeiro”, afirma.
O Sindicato dos Agentes Penitenciários pediu alterações no presídio para reduzir o arremesso das “petecas”. Segundo o secretário-geral João Alfredo Oliveira, a proposta é aumentar a distância entre a muralha e o pátio usado pelos detentos.
“A área de segurança das penitenciárias é muito reduzida. Da forma que está hoje, é muito prático o transeunte chegar próximo à muralha e arremessar para dentro. O governo precisa também investir em tecnologia para eliminar o uso do aparelho dentro da unidade”, criticou.
SAP
A secretaria disse que foi instaurado um procedimento para apurar o caso. Quem for flagrado com aparelhos, segundo a secretaria, será punido.