quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Lei do desmanche" é vetada
Publicado no Jornal OTEMPO
HELENICE LAGUARDIA
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FOTO: CRISTIANO TRAD - 28.2.2010
Motivo. Mercado paralelo de peças "faz sucesso" entre os consumidores por causa do preço; peças e componentes custam até um terço
CRISTIANO TRAD - 28.2.2010
Motivo. Mercado paralelo de peças "faz sucesso" entre os consumidores por causa do preço; peças e componentes custam até um terço

O mercado de autopeças usadas no Brasil vai continuar sem rumo, pelo menos por enquanto. A presidente Dilma Rousseff vetou, no início deste mês, o projeto de lei nº 345/2007 do ex-senador Romeu Tuma, que determinava que a desmontagem de veículos poderia ser realizada por empresa autorizada pelo órgão de trânsito de cada localidade. Para justificar o veto, a presidente alegou a falta de parâmetros técnicos mínimos para o comércio de peças usadas no mercado de reposição, e a falta de garantia de controle da qualidade e das condições de comercialização. O vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Antônio Carlos Bento de Souza, afirmou que é favorável à regulamentação das oficinas de desmanche. "Não dá para misturar no mesmo bojo a regulamentação de oficinas de desmanche com a venda de autopeças retiradas de veículos desmanchados sem o rigor técnico porque aí temos o problema de segurança", justificou. Antônio Carlos Bento explicou ainda que o Sindipeças é favorável à regulamentação das oficinas de desmanche. "O que somos contra é a maneira como o projeto foi feito. É possível o desmanche, mas somos contra venda de peça sem o cuidado necessário", disse. Mas o engenheiro mecânico da empresa Núcleo de Perícias Técnicas Márcio Montesani explicou que o mercado negro de peças é alimentado pelo custo elevado dos componentes. "Se uma pessoa quebra o farol, ela encontra o usado que custa um terço do preço do original", calculou. Para Montesani, o consumidor busca o mercado paralelo de peças em função do custo. "Se houvesse um mecanismo de peça legalizada, diminuiria, mas não acaba com o mercado negro. Acabar é utópico", advertiu. Com faturamento das empresas associadas estimado em R$ 80 bilhões em 2010, a indústria de autopeças deve crescer 24%. O Brasil tem cerca de 1.500 empresas de autopeças.

Oficinas
Modelos são criticados pelo setor
O vendedor da Sonapel Autopeças, em Belo Horizonte, Alvimar Rodrigues de Jesus, é a favor de uma lei para regulamentar o mercado. "Num conserto de motor e caixa de um carro popular em que é preciso mudar o suporte, cada um custa R$ 50. Com a lei, isso abaixaria de 30% a 40%. Seria uma economia boa", calculou. Mas o gerente da Polipeças Distribuidoras Automotiva, Dalton Miguel Miranda, há 35 anos no mercado, concorda com o veto de Dilma Rousseff. "Para o nosso mercado de distribuição, seria péssimo. Vamos concorrer com peça usada roubada. É um mercado ilegal. Eu não compraria peça usada", defendeu. Adison Pinheiro da Silva, da Ari Sales Autopeças, loja há quase 30 anos no mercado, disse que o assunto é perigoso. "A pessoa pode estar comprando peça de carro roubado, mas a lei também não conseguiria acabar com o mercado paralelo". (HL)

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