sexta-feira, 7 de junho de 2013

Trabalho de detentos provoca reclamações em área nobre

Moradores se queixam de liberdade dos presos para circular pelo bairro depois do expediente


Na foto, uma das obras que já recebeu presos em Nova Lima; sociólogo diz que problema é sensação generalizada de insegurança
PUBLICADO EM 07/06/13 - 03h00
O trabalho de 15 detentos em regime semiaberto em obras no Vila da Serra, em Nova Lima, na região metropolitana da capital, provocou reação de moradores do bairro, onde estão situados condomínios de alto luxo. Eles reclamam da falta de vigilância policial e de uma suposta sensação de insegurança causada pela presença dos presos. A discussão não é exclusiva do bairro e se repete, com mais ou menos intensidade, em todas as áreas onde há atividades de ressocialização com detentos ou instalação de unidades prisionais.


O incômodo de moradores e comerciantes do Vila da Serra com o trabalho dos presidiários no local foi inclusive pauta de uma reunião para discutir a violência na região na semana passada. A principal queixa é sobre o momento após o fim do expediente, depois das 17h. Segundo os moradores, enquanto o ônibus da penitenciária não chega, eles ficam livres para circular pelo bairro, sem supervisão policial, apenas sob vigilância de um funcionário da empresa. “O que eles ficam fazendo aqui? Precisamos de informações e que eles sejam vigiados pela polícia”, afirmou um morador que não quis ser identificado. Há duas semanas, um dos detentos foi preso novamente, após cometer um assalto na avenida Nossa Senhora do Carmo, na capital.
O empresário João Tavares, sócio da empresa responsável por fornecer o transporte aos presos, confirma que os ônibus demoravam até duas horas para buscar os detentos, mas diz que a ideia é oferecer a chance deles conviverem com outros integrantes da equipe. “Mas cortamos esse benefício há um mês, quando percebemos que as pessoas estavam incomodadas”, alegou.

Os empregadores reconhecem que alguns aproveitam a oportunidade de sair dos presídios para tentar circular pela cidade. “As desculpas eram parecidas. Falavam que era aniversário da mulher ou do filho e pediam para a gente liberar”, contou o coordenador administrativo Antônio Cardoso. Em fevereiro do ano passado, ele recebeu seis presos que trabalharam como serventes de pedreiro na construção de um edifício.
Estado. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou nunca ter registrado problemas com os presos, como descumprimento de horários. O superintendente de Atendimento ao Preso da Seds, Helil Bruzadelli, ainda ressaltou os benefícios do programa para a ressocialização.
“Estamos inserindo o preso no mercado de trabalho, criando vínculos diferentes daqueles que ele conhecia até então, que eram relacionados ao mundo do crime”.
Para o sociólogo Robson Sávio, da PUC Minas, o sentimento da população é reflexo da violência generalizada na cidade e pouco tem a ver com a presença dos detentos. “As oportunidades de crime acontecem em todo lugar e não porque há um preso na região. O problema é a criminalidade”,diz.
 

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