sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Saída de diretor vira impasse para fim de rebelião em presídio de Contagem (MG)



Saída de diretor vira impasse para fim de rebelião em presídio de Contagem (MG)

Rayder Bragon
Do UOL, em Contagem (MG)

  • Léo Fontes/O Tempo/Estadão Conteúdo
    Detentos rebelados sobem no telhado da penitenciária de segurança de Contagem (MG)
    Detentos rebelados sobem no telhado da penitenciária de segurança de Contagem (MG)
Representantes do comitê de gerenciamento de crise montado para tentar pôr fim à rebelião na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), avaliam que o entrave para o fim do motim é o pedido feito pelos presos pleiteando a saída do diretor da unidade, Luiz Carlos Dannuzio, 48. As negociações foram retomadas nesta sexta-feira (22).
A rebelião, que começou por volta das 9h de quinta-feira (22), acontece na penitenciária onde estão o goleiro Bruno e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, réus no processo sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do jogador. No entanto, eles estão confinados em pavilhões distintos do local foco da rebelião.
Hoje, os representantes do comitê afirmaram que uma ata contento as exigências dos amotinados para acabar com a rebelião foi assinada por eles e entregue aos presos.
Este documento foi assinado pelo coronel Antônio Carvalho Pereira, comandante do policiamento especializado da PM, pelo juiz da Vara de Execuções Criminais de Contagem, Wagner Cavalieri, e pelo subsecretário de Administração Prisional de Minas Gerais, Murilo Andrade.
No entanto, segundo eles, os presos incluíram posteriormente o pedido da saída do diretor, o que teria inviabilizado o acordo.
A Secretaria Estadual de Defesa Social informou que o movimento está sendo liderado por Daniel Augusto Cypriano, 29 anos, conhecido pelos apelidos Carioca e Snap. Ele tem seis condenações: cinco por roubo e uma por homicídio. Ele é natural de Conselheiro Pena (MG) e cumpre pena na Nelson Hungria desde 2011.
"Surgiram novas reinvindicações, e isso, para nós, foi visto como um descumprimento do acordo. Entre os pedidos estava o afastamento do diretor", disse Cavalieri.
As reivindicações iniciais dos presos rebelados incluíam a revisão de algumas penas, a liberação da entrada de grávidas na unidade (a Secretaria de Estado de Defesa Social nega haja tal restrição), a exigência de serem chamados pelos nomes, e não por números, e a não-transferência de presos para outras unidades prisionais do Estado.
Segundo Cavalieri, os processos dos presos do pavilhão 1, onde ocorrem o motim, estão "rigorosamente em dia".
O juiz também negou que haja superlotação no presídio. Segundo ele, as 1.664 celas têm capacidade para dois detentos, o que comportaria os 1.970 que atualmente estão no local.
O coronel Carvalho disse que conseguiu ver os dois reféns e que eles estão bem. Ainda segundo ele, a energia no presídio está parcialmente cortada, e os presos não estão recebendo comida, apenas água.
Questionado se seria viável a saída do diretor para por fim à rebelião, o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade,  descartou a princípio essa hipótese. "A princípio não, porque eles (os amotinados) não apresentaram argumentação para isso", afirmou Andrade.
Ele disse ainda que representantes da Corregedoria da Secretaria de Estado de Defesa Social estão no presídio para ouvir os detentos sobre as supostas reclamações contra o diretor, mas condicionado ao fim da rebelião.

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