sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


Penitenciárias de Ribeirão e região estão sem médico

Único médico que atendia mais de 6 mil detentos deixou trabalho após mudança de regra

Jucimara de Pauda
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Seis mil presos de cinco penitenciárias de Ribeirão Preto e Serra Azul estão sem médico há 45 dias. O único profissional que atendia os detentos parou de dar assistência às unidades prisionais.
Ele teria que fazer um plantão de 12 horas, duas vezes por mês, mas, para melhorar o atendimento, o médico dividia as visitas durante todo o mês. "Eu atendia durante toda a semana, duas horas por dia, até completar as 24 horas exigidas. Com este método os presos tinham assistência durante todo o mês e não apenas duas vezes. Mas eles cortaram este sistema", diz o médico Antonio Veiga que atuava no sistema penitenciário desde 2003.
O método de atendimento teve que ser mudado depois que a Secretaria de Administração Penitenciária instaurou 37 procedimentos administrativos para averiguar médicos que recebiam sem prestar atendimento aos presos. "Depois deste fato, o Estado quer que os médicos cumpram a carga horária na risca. Eu fui chamado pelos diretores das unidades prisionais, mas informei a eles que não tinha como ficar no trabalho", afirma.






O médico não é funcionário concursado. Ele prestava o serviço voluntariamente e recebia uma verba pelo trabalho. Ele não disse o valor dos vencimentos. "Eu sou um cirurgião e não posso me dar o luxo de ficar 12 horas trancado dentro de uma penitenciária. A carga horária dividida é benéfica para todos", pontua.
Escoltas
O único médico que atendia enfatiza que, com o método anterior, os presos não eram levados com frequência aos postos de saúde, o que reduzia o número das escoltas feitas pelos policiais militares. "Eu cheguei a fazer pequenas cirurgias nos presídios. Desta maneira colaborava com a comunidade prisional. A falta de atendimento adequado pode até provocar revolta entre os presos".
Falta de médico aumenta insegurança
Funcionários das unidades prisionais de Ribeirão Preto e Serra Azul afirmam que a presença de médicos é vital para garantir a paz nos presídios.  Nesta semana, o Tribunal de Justiça condenou o Estado a pagar indenização de R$ 110 mil à família de um detento que morreu em 2002 por falta de atendimento médico na penitenciária de Ribeirão Preto.
"Eles precisam de assistência. Em alguns dias o médico chegou a fazer até 40 consultas", afirma um funcionário que trabalha em Serra  Azul. Na penitenciária de Ribeirão Preto, a falta de médico também causa tensão. Ontem, três presos precisaram ser levados para unidades de saúde com escolta de policiais militares porque não havia médico no presídio. "Foi uma correria para atender os detentos", diz um funcionário.

Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria de Administração Penitenciária informou, por nota, que todos os atendimentos clínicos e médicos estão sendo realizados por uma equipe de saúde das unidades prisionais.
Segundo a assessoria as unidades contam com um quadro de auxiliares de enfermagem e enfermeiros. Nos casos mais simples estes profissionais atuam de acordo com sua habilitação. Em  casos mais complexos os detentos são encaminhados para as unidades de saúde do município.  
A nota informa que também foi constituído um grupo de trabalho integrado por representantes das Secretarias da Casa Civil, Saúde e Administração Penitenciária, para discutir como será efetuado o atendimento médico aos presos e a intenção é fazer com que os novos serviços implantados sejam bem melhores que os atualmente existentes.

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