quinta-feira, 25 de abril de 2013


Polícia investiga suspeita de que corpos encontrados em colônia penal sejam de detentos desaparecidos em janeiro


Novas escavações foram feitas na manhã desta quinta-feira, mas não foi localizado nada






A Polícia Civil investiga se os corpos encontrados enterrados no terreno da Colônia Penal Agrícola de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, são de detentos desaparecidos. A principal suspeita é de que os cadáveres sejam de dois apenados que sumiram em janeiro deste ano.

De acordo com o delegado Paulo Cesar Schirrmann, análise preliminar indica que existe compatibilidade entre o estado de decomposição dos corpos com o tempo em que os detentos estão desaparecidos.

Conforme registro policial, Gilson da Silva Gurskas e Carlos Ronaldo Terres Lucas desapareceram no dia 31 de janeiro, mesmo dia em que chegaram na Colônia.

Os cadáveres encontrados nesta quarta-feira — um deles esquartejado e o outro com uma corda no pescoço — foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) deSanta Cruz do Sul, onde passam por necropsia.

— Peritos vão tentar identificar os corpos comparando visualmente com os desaparecidos e utilizando exames superficiais. Se não for possível assim, eles passarão por exames mais profundos — esclarece Schirrmann.

Após a identificação dos cadáveres, a polícia passa a investigar de que forma eles foram mortos, por quem e quais os motivos. No entanto, o delegado já adianta que será um caso difícil de ser solucionado.

Na manhã desta quinta-feira, uma operação entre agentes da Susepe e da polícia, com ajuda de uma máquina retroescavadeira, foi realizada nos arredores da cova onde os corpos foram encontrados, a procura de outros cadáveres. Uma área de cerca de 500 metros quadrados foi vasculhada, mas nenhum indício foi encontrado.

Para Schirrmann, os corpos encontrados são parte uma situação pontual. Ele não acredita que existam diversos detentos enterrados no local, embora não descarte a possibilidade de "um ou outro" que desapareceu e a família denunciou, porque jamais voltou pra casa, possa ter sido desovado na Colônia.


DESCONTROLE
A existência de cadáveres no terreno de 99 hectares da Colônia Penal é mais um indicador do descontrole no semiaberto. Em reportagem publicada ontem, Zero Hora revelou que há 20 dias foi descoberto armazenamento de dinamite no local. Uma inspeção encontrou dois quilos do artefato em um galpão.

Além disso, há registro de pelo menos 11 mortes no local, além de outros três apenados que estão desaparecidos. A Justiça proibiu o ingresso total de presos por falta de segurança, mas a colônia ainda mantém 96 apenados, ligados a duas facções - Os Bala na Cara e Abertos Sem Lei.
ZERO HORA

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