Considerado gordo, ex-PM briga para retomar atividade
Estado alega que ex-soldado só seguiu em concurso por decisão liminar
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FOTO: RODRIGO CLEMENTE
Contra a balança. Com 85 quilos, ex-soldado Carlos Magno Oliveira alega que peso é fruto de malhação pesada e não de obesidade
Oliveira foi exonerado da corporação em novembro do ano passado, ao ser derrotado numa ação que o possibilitou ingressar na polícia mineira. Com 85 kg, os mesmos de 2004, quando foi aprovado no concurso da corporação, o ex-soldado Magno foi considerado obeso, portanto, fora dos padrões.
O entrave que gerou a briga nos tribunais foi o Índice de Massa Corpórea (IMC) do ex-soldado: 30,1, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como indicativo de obesidade de nível I. O IMC aceitável pela corporação varia entre 18,5 e 29,9. O ex-soldado questiona a reprovação e diz que foi considerado apto para o cargo ao ser aprovado nos testes físicos e psicológicos.
O economista afirma que a razão do seu sobrepeso é massa muscular, fruto de uma rotina de exercícios físicos pesados e não de gordura. "Sempre fiz esporte e lutas marciais. Tenho massa magra. Qualquer um que me ver vai entender que não estou gordo".
Novela. Em 2004, uma liminar permitiu que o ex-militar fizesse os testes físicos - corridas, abdominais e natação - e psicológicos necessários para o ingresso na carreira militar e assim ele começou a atuar como policial.
A primeira vitória na guerra judicial veio três anos depois, quando uma perícia feita por um médico do Tribunal de Justiça e por outro especialista indicado pela própria Polícia Militar atestou que o economista estava apto para o trabalho na corporação.
No entanto, o Estado recorreu da decisão e agora na nova sentença, de segunda instância, a desembargadora Tereza Cristina da Cunha Peixoto argumentou que a perícia não poderia ser considerada legal porque não refletia a condição física que o ex-soldado apresentava na época em que foi reprovado pelos militares. "Acho injustiça porque não fui eu quem demorou para marcar a perícia. Sou formado em economia, mas faço questão do emprego porque amo a carreira militar", disse.
Seleção. O tenente-coronel Luis Junqueira, chefe do Centro de Recrutamento de Seleção da Polícia Militar, informou que depois de passar na prova escrita do concurso, só então o candidato passa pela avaliação médica que calcula o IMC. O tenente-coronel explicou que o candidato só passa para a fase dos testes físicos e, por fim, psicológicos quando é aprovado no critério do IMC. "Todas as etapas são eliminatórias". O ex-soldado, segundo ele, só seguiu no concurso amparado pela liminar.
A professora de nutrição Maria Isabel Correia, da UFMG, explica que a gordura magra é mais pesada do que a gordura gorda e, por isso, o IMC não é capaz de medir a obesidade de alguém. "O IMC analisado de forma isolada não diz nada. Esse índice é usado para avaliar uma população e não casos isolados. Se você pegar o IMC de um lutador, ele é obeso. No entanto, ele só tem massa magra", disse. A nutricionista afirma que o IMC deve ser avaliado no contexto de uma avaliação médica clínica.
O capitão Felício do 33º batalhão, que comandou Oliveira ao longo dos últimos seis anos, disse que o policial tinha ótimo desempenho nas ruas. "O preparo físico dele era um dos melhores que já vi"
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