Doença desfalca efetivo da Polícia Civil em Minas Gerais
Carlos Rhienck/Hoje em Dia
"Não acreditavam que eu estava doente", diz o escrivão que pediu para não ter o nome revelado
Prevenir e investigar crimes, principalmente os violentos, são tarefas que se tornam cada mais vez difíceis, para não dizer inviáveis, em Minas Gerais. Não bastasse a falta de infraestrutura das corporações – evidenciada pela escassez de equipamentos e de efetivo –, problemas de saúde, em especial doenças psiquiátricas, provocam o afastamento de policiais civis e militares das atividades.
A principal reclamação dos servidores é a de que o Estado não oferece tratamento adequado, ou seja, não tem programas específicos para evitar as enfermidades. Também não haveria acompanhamento médico especializado após o diagnóstico.
Somente no ano passado, 2.598 policiais civis – delegados, escrivães, investigadores, médicos-legistas e peritos criminais – foram afastados temporariamente das funções por motivo de saúde, principalmente por causa de doenças psicossomáticas. De janeiro a abril deste ano foram mais 770. Significa dizer que, por dia, cerca de sete licenças são concedidas.
Subnotificação
No entanto, segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia do Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG), o número de “baixas” é superior ao informado pela assessoria de imprensa da corporação.
“Devido ao efetivo reduzido, a determinação é não conceder o afastamento para os policiais que apresentarem doenças psiquiátricas. A licença médica só sai em último caso. Mas, aí, a enfermidade já está em estágio avançado”, afirma o vice-presidente do sindicato, Toninho Pipoco.
Segundo ele, manter um servidor nessas condições em atividade é uma grande irresponsabilidade.
“Significa risco não só para o profissional como para toda a sociedade. Sob forte estresse e esgotamento mental, sintomas provocados por diversas situações, como assédio moral, sobrecarga de trabalho e baixa remuneração, um policial não pode estar nas ruas”, destaca o sindicalista.
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