sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Comando da Polícia Civil afasta delegado do cargo

O superintendente João Pedro de Rezende é acusado de chefiar uma quadrilha que negociava carteiras de habilitação


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Denúncias levaram ao afastamento de João Pedro de Rezende e de seu filho em Formiga
O chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Jairo Léllis, decidiu aplicar uma punição parcial aos policiais civis acusados de chefiar uma quadrilha para a venda de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH’s), em Formiga, e em outras seis cidades da Região Centro-Oeste de Minas Gerais, conforme denúncia do Hoje em Dia.

O superintendente da corporação, João Pedro de Rezende, foi afastado da função de chefe regional da área de Divinópolis. Já seu filho, Alexandre Clayton de Rezende, responsável pelo Departamento de Inspetoria do município de Formiga, foi remanejado para Poços de Caldas, na Região Sul do Estado.

Os dois figuram, em inquérito policial e investigação do Ministério Público Estadual (MPE), como principais artífices do esquema fraudulento de negociação de documentos de habilitação. As medidas tomadas contra ambos foram publicadas na edição de quinta-feira (11) do “Minas Gerais”, Diário Oficial do Estado.
 
Na última segunda-feira, o ouvidor geral do Estado, Paulo Alkmin, pediu o afastamento dos policiais. Mesmo com a punição, os suspeitos continuam a atuar na corporação. João Pedro era chefe da Regional Divinópolis, e agora deixa o posto, mas continua a exercer as funções de delegado.

Já Alexandre Clayton não será chefe da Inspetoria, mas continua exercendo a função de investigador de polícia. Ele será transferido para Poços de Caldas. No despacho, Léllis alegou que estava insustentável a permanência do policial em Formiga dado ao acirramento dos ânimos na delegacia local, onde ele trabalhava até ontem. “Ficou patente o clima tenso e de animosidade que grassa de forma prejudicial na convivência e no desempenho do exercício das funções afetas aos servidores policiais civis”, afirmou.

Questionada sobre a pena branda, a assessoria da Polícia Civil afirmou que a corporação não se manifestará sobre as medidas adotadas, pois ainda está em curso a investigação da Corregedoria. O inquérito aponta pai e filho como chefes da quadrilha especializada na venda das carteiras.

Como antecipou o Hoje em Dia, o grupo cobrava R$ 1.200 para que o candidato passasse nos exames de legislação e direção. Em uma das nove denúncias encaminhadas à Ouvidoria da polícia, o pai de uma jovem chega a relatar que Alexandre ofereceu à filha a carteira de habilitação se ela “saísse” com ele.
Nos autos do inquérito constam a íntegra de várias escutas telefônicas em que a quadrilha trata dos negócios. 
Elas mostram que os envolvidos tinham bases para a expansão dos negócios em seis cidades mineiras, além de atender a demanda por fraude de vários candidatos de outros municípios, incluindo Belo Horizonte.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), reafirmou que a permanência dos delegados nas funções havia se tornado insustentável. “O clima na cidade estava beligerante. Com a revelação das denúncias, o grupo passou a ameaçar colegas de trabalho. Por isso, o afastamento se deu como medida preventiva. Se não fossem afastados, poderíamos ter até tiroteio dentro de delegacia”, afirmou o deputado.

No inquérito, o promotor Ângelo Ansanelli e o juiz Richard Fernando da Silva deixam claro que os crimes praticados pelos envolvidos, entre eles corrupção ativa e passiva, além de formação de quadrilha, são passíveis de prisão. Além da venda de CNH’s, a quadrilha é suspeita de comandar pontos do “jogo do bicho” em Formiga e também de atuar em outras frentes como a transferência de documentos de veículos. O inquérito cita a participação de outros policiais civis e de proprietários e instrutores de autoescolas.

O poderio dos policiais civis lhes permitia angariar clientes em outros municípios, incluindo Belo Horizonte. Novos documentos da investigação feita pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo MPE mostram a capilaridade do esquema, originado em Formiga. Revelam também que o promotor Ângelo Ansanelli Júnior suspeita do envolvimento de autoridades do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) com a quadrilha.

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