Um polêmico show
15/03/2012
Olga Kalinina, Kommersant
Olga Kalinina, Kommersant
No dia 21 de fevereiro, a banda feminista Pussy Riot, conhecida por suas apresentações no metrô e em outros lugares públicos, organizou um show na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou.
Foto: Reuters / Vostock Photo
O conjunto de punk rock Pussy Riot foi criado em outubro do ano passado. Suas integrantes realizaram uma série de apresentações ilegais na onda das eleições parlamentares de 4 de dezembro.
As feministas organizaram ações parecidas nos telhados de presídios, sobre trólebus e na muralha do Kremlin. No entanto, a apresentação na Catedral do Cristo Salvador é, sem dúvidas, a mais audaz de todas as aparições do grupo.
As participantes da ação, com os rostos cobertos por balaclavas – “gorros de ninja” – de diferentes cores, cantaram sua música-oração “Virgem Maria, livre-nos de Pútin”. Muitos fieis classificaram a canção como uma blasfêmia. A polícia instruiu a causa criminal contra as participantes pelo ato de vandalismo, conforme a legislação.
No dia 3 de março, membros da política prenderam três jovens do grupo Pussy Riot, e Piotr Verzilov, ativista do grupo artístico Voiná, que, segundo informações, é considerado criador da banda. Maria Alékhina e Nadejda Tolokonnikova foram imputadas por crime da vandalismo, segundo o artigo 213, parte 2 do Código Penal da Federação Russa, que estabelece até sete anos de prisão. Em resposta à medida, as jovens, que possuem filhos pequenos aos seus cuidados, declararam greve de fome, negando sua participação no evento.
Vladímir Pútin repudiou a ação do grupo feminista Pussy Riot na catedral de Cristo Salvador, segundo declarações de seu assessor de imprensa, Dmítri Peskov, no canal de televisão Dojd. Pútin estava ciente da atuação do grupo, mas não tinha conhecimento do conteúdo da música. O próprio Peskov deixou claro que considerava a ação execrável.
Quatrocentos fieis preparam uma petição ao Patriarca Kirill para que interceda no encerramento do caso contra as jovens do Pussy Riot. O arcebispo Vladímir Vigilianski, responsável do Patriarcado de Moscou pela comunicação com a imprensa, acredita que a prisão das participantes é uma medida muito severa.
“Espero que não haja prisões nem limitação alguma de liberdade. Creio que uma pena pecuniária é suficiente, para que, na próxima vez, reflitam sobre como se portar em lugares públicos. Acreditamos que a sociedade deve se defender dessas atuação, independente de onde ocorram. É evidente, contudo, que é ainda mais impertinente realizar uma algazarra dessas num local onde há um sacerdote”, afirma Vigilianski.
Poucos dias atrás, no centro da capital, próximo ao edifício da sede do Ministério do Interior, ocorreram algumas manifestações isoladas em apoio às integrantes detidas, Maria Alékhina e Nadejna Tolokonnikova.
Jovens, incluindo muitas mulheres, se revezam na calçada em frente ao prédio da sede do Ministério do Interior e trazem nas mãos cartazes com pedidos de libertação das integrantes do Pussy Riot.
Vladímir Lukin, agente de direitos humanos na Rússia, manifestou seu apoio às ativistas do Pussy Riot. Para Lukin, a prisão das jovens ultrapassa os limites da razoabilidade.
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