quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atuação é restrita a três presídios

Publicação: 2015-04-08 00:00:00 | Comentários: 0
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Gastos com diárias operacionais dos 215 policiais da Força Nacional chegam a R$ 1,4 milhão/mês, segundo portal do Ministério da JustiçaFernando Domingo e Ricardo Araújo
Repórteres

Menos de um mês após a onda de rebeliões que destruiu 16 unidades prisionais no Rio Grande do Norte, a tropa de 215 militares integrantes da Força Nacional (FN) atua no policiamento ostensivo de somente três delas, atendendo à determinação da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed/RN). A Sesed elencou como prioritário o reforço diuturno no entorno de unidades consideradas críticas como a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta; na Penitenciária Estadual de Parnamirim, em Pitimbu; e no Complexo Penal Dr. João Chaves, na zona Norte de Natal. O reforço, porém, não impediu que 32 homens fugissem do Pavilhão 2 de Alcaçuz na madrugada da segunda-feira através de um túnel que tinha sua saída num ponto cuja “responsabilidade” de patrulhamento não recaía sob os militares da Força Nacional.
Emanuel AmaralGastos com diárias operacionais dos 215 policiais da Força Nacional chegam a R$ 1,4 milhão/mês, segundo portal do Ministério da Justiça

Na manhã de ontem, a TRIBUNA DO NORTE percorreu as maiores unidades prisionais de Natal e Região Metropolitana para observar em quais delas havia a presença da FN. No Complexo Penal Dr. João Chaves e no Presídio Provisório Prof. Raimundo Nonato Fernandes, ambos na zona Norte, nenhuma viatura ou militar da FN foi visto ao longo de mais de uma hora de permanência da reportagem no local. Agentes penitenciários, soldados da PM e diretores de algumas unidades prisionais visitadas confirmaram que as rondas ocorrem, mas sem frequência e, geralmente, com apenas uma viatura.  O custo da operação da Força Nacional no estado potiguar para a União é de R$ 1,4 milhão somente no pagamento das diárias operacionais aos militares destacados para o serviço. Além deste custo, o MJ assume o dispêndio com traslado, equipamentos de segurança, armamentos, munições letais e não-letais, hospedagem e alimentação.

Em nota enviada à TN, a assessoria de imprensa da Força Nacional, em Brasília, confirmou que “todas as ações desenvolvidas pela Força Nacional, em apoio aos Estados, são previamente planejadas entre os entes envolvidos. o quantitativo do efetivo da FN obedece ao planejamento definido pelos entes envolvidos e dentro da capacidade mobilizada de recursos humanos do Departamento e se dá após manifestação expressa do Governo do Estado do Rio Grande do Norte”. A Sesed negou conhecer o detalhamento operacional definido pela Força Nacional para o reforço do policiamento ostensivo no entorno das unidades carcerárias, incluindo o efetivo e o número de viaturas diariamente em serviço, alegando questões de segurança. 

Entretanto, na mesma nota enviada à TN na noite de ontem, a assessoria da Força Nacional informou que, “no dia 18/03/2015, a Secretaria Nacional de Segurança Pública participou de reuniões com a cúpula da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, na cidade de Natal/RN, onde, também, o Comando de Operações da Força Nacional participou da reunião com o Ten Cel PMRN Marcos Vinícius, subcomandante do Comando de Policiamento da Capital, a fim de tratarem do planejamento da Operação”. A assessoria de imprensa da Sesed informou que tentou contato com o Coronel Marcos Vinícius, presente à reunião citada pela Força Nacional, mas este alegou que o detalhamento das operações caberia à Senasp.

A Força Nacional reiterou, ainda, que desde o “dia 17/03 até a data de hoje (ontem), vem desenvolvendo diuturnamente serviços de patrulhamento motorizado e aéreo, na área externa dos presídios da Grande Natal, realizando abordagem a pessoas e veículos, além de outras ações decorrentes”. Dos 32 fugitivos do Pavilhão 2 de Alcaçuz, somente um foi recapturado por militares da FN nas cercanias da penitenciária. Entre as ações realizadas pela Força Nacional no Estado desde o dia 17 de março passado, está a apreensão de menos de um quilo de maconha, o impedimento da fuga de um detento e apreensão de 157 armas brancas e 306 materiais eletrônicos.

Reforço da Força Nacional
No dia 17 de março passado, três aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), aterrissaram na Base Aérea de Natal, em Parnamirim, trazendo 155 militares integrantes da Força Nacional, além de um carregamento de armas letais e não-letais e equipamentos de monitoramento de crise para uso nas ações de retomada do controle do sistema prisional do estado potiguar. Além deles, outros 60 militares que compõem a tropa chegaram em 25 viaturas vindas de Maceió. A atuação desses militares, de início, não foi detalhada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) por questões de estratégia militar.  Hoje, eles atuam no reforço do policiamento ostensivo em três presídios nos quais ocorreram motins e rebeliões. O número de militares da FN no Estado poderia chegar a 300, o que não se configurou. Estava previsto, também, o agrupamento de 36 agentes da Polícia Rodoviária Federal ao efetivo da Força. Os agentes rodoviários seriam encaminhados pelas Secretarias de Segurança de, pelo menos, outros seis estados nordestinos e trabalhariam no patrulhamento de rodovias federais que cortam o Estado, principalmente nos municípios onde estão localizados os maiores centros de detenção do Rio Grande do Norte. A Sesed, porém, não confirmou a chegada de tais homens. Além do efetivo humano e das viaturas para o patrulhamento rodoviário e dos presídios, dois helicópteros chegaram ao RN em março passado. Um deles é da Força Nacional e outro da PRF. Os helicópteros, logo após o controle dos motins, não foram mais vistos sobrevoando as unidades prisionais.

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