quarta-feira, 8 de agosto de 2012


POR QUE O JUIZ CHOROU




DEVER CUMPRIDO. Flagrado às lagrimas em evento, magistrado diz que se emocionou por ter evitado motim no Central

FRANCISCO AMORIM 


As lágrimas do juiz responsável pela fiscalização dos presídios no Estado, Sidinei Brzuska, durante um seminário realizado dentro do Presídio Central na quinta-feira passada chamaram a atenção de quem participou do evento. O episódio despertou debates entre os que defendiam o direito do magistrado à emoção e outros que acreditavam que o ato poderia ser uma demonstração de que o integrante da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre está por demais envolvido como drama dos presos.

Em entrevista ontem a Zero Hora, o magistrado falou sobre o momento flagrado pelas lentes do fotógrafo Ronaldo Bernardi. O choro incontido não foi motivado pelo depoimento de um dos presos, o ex-PM Jorge Gomes, que relatou o descaso com detentos, mas por uma sensação de dever cumprido: horas antes do evento organizado pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), ele havia conseguido evitar um motim programado para acontecer durante seminário.

– Lógico que me emociono com as histórias dos presos, mas chorei pelo sentimento de dever cumprido, por ter desarmado uma bomba, um motim que havia sido ordenado por um preso – explica o magistrado.

O seminário realizado dentro do presídio mais populoso do Brasil foi articulado durante semanas entre o magistrado, a direção da casa prisional e os presos, que foram convencidos da importância de se mostrar ao público os problemas do Central. O tratado de paz foi suspenso na quinta-feira, quando um preso que havia sido descoberto com um celular na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, sendo levado para o isolamento por isso, deu uma ordem para que duas galerias do Central se amotinassem durante o evento, levando pânico aos presentes.

– Mesmo depois que tiraram o celular dele, ele conseguiu outro e ligou para um preso no Central – contou o juiz.

Preso queria vingar punição que recebera

Sidinei foi avisado por dois delegados na madrugada de quinta-feira (dia do seminário) da ordem de motim. Segundo ele, o preso da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) queria se vingar da punição que recebera. Com a informação do apelido do preso do Central, o magistrado, com ajuda dos policiais e da direção da prisão, identificou o detento.

– Deixar de realizar o evento por isso significaria o fracasso total do que estamos tentando fazer.

Apesar da promessa de que os presos haviam desistido do motim, Sidinei só se sentiu aliviado como início do depoimento primeiro detento. A programação previa a apresentação do relato de quatro presidiários.

– Naquele momento, estava pensando no quanto esse evento é importante para que as pessoas conheçam a realidade desse presídio.

A negociação bem-sucedida, no entanto, demonstrou o quanto os presos detêm o controle interno dos cadeias.

Um comentário:

Lord Lainert disse...

É engraçado ...todo mundo se comove com a vida e as historias dos presos. Mais nunca se comovem com a dura rotina dos agentes que são ameaçados todo os dias, tem suas rotinas de vida alteradas e vivem 24 horas frente a frente com o mal. Ninguem pergunta a um policial se ele é policia somente no turno de trabalho por que já sabe a resposta. Nós agentes de segurança penitenciaria também somos agentes 24hs, o risco que corremos também é 24hs então o porquê não ser reconhecido 24hs. O Estado peca propositalmente em não oferecer um curso com as aulas de armamento e tiro (MEAF)e ainda o porte de arma durante todo o período do exercício da função. BANDIDO É BANDIDO 24HS.

PCC criou células de inteligência para matar agentes penitenciários federais Flávio Costa Do UOL, em São Paulo 27/07/2017 - 04h00 Ouvir 0:00...