Estado descumpre promessa e omite dados sobre violência
Prazo era dia 20; questionada, Seds dá novo prazo, nesta segunda-feira
FOTO: ALISSON GONTIJO - 2.6.2011
Sem recursos. Em 2011, Estado viveu epidemia de violência; enquanto isso, programas preventivos, como o Gepar, tiveram cortes no orçamento
Passado um mês da divulgação dos índices de violência em Minas, que revelaram um crescimento de 16,3% no número de homicídios em 2011, o Estado volta a omitir as estatísticas da segurança. Depois da polêmica criada pelas reportagens de O TEMPO sobre a omissão e a manipulação dos números, o governador Antonio Anastasia prometeu anunciar os índices mensalmente, entre os dias 15 e 20 de cada mês. Mas, até agora, um mês após a promessa e dez dias depois do prazo estabelecido para a divulgação mensal, o Estado mantém os números de fevereiro em sigilo.
Após ser questionada sobre a demora, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que pretende fazer a divulgação entre hoje e a próxima segunda-feira. Um dos motivos para o adiamento, conforme a assessoria, é a mudança de comando na Seds - no dia 19, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB) foi substituído pelo procurador de Justiça Rômulo Ferraz.
Pressão. As promessas de transparência foram uma resposta do governo às críticas sobre demora na divulgação dos dados, que ficou suspensa durante 13 meses, entre o fim de 2010 e fevereiro deste ano. Justamente nesse período, houve um avanço de 10,8% no índice de crimes violentos no Estado, na comparação de 2011 com 2010.
Só na capital, os homicídios cresceram 22% - a cidade registrou uma média de 30,65 mortes para cada 100 mil habitantes. O crescimento rendeu o título de segunda capital mais violenta do Sudeste, perdendo apenas para Vitória (ES).
Além disso, houve diferença entre os números divulgados pela Seds e pela Polícia Civil. Na época, Andrada disse que as diferenças nas informações aconteciam porque o Estado contava com dois bancos de dados, da Seds e da Polícia Civil - ele prometeu unificá-los.
A epidemia de violência veio acompanhada de cortes de investimentos nos programas de prevenção. Foi o caso do Fica Vivo, que perdeu R$ 2 milhões, e do Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar), que sofreu um corte de 20,6% em seu orçamento. Sugiram também denúncias de que policiais militares estariam sendo forçados pelo governo a adulterar boletins de ocorrência, substituindo crimes violentos por outros de menor potencial ofensivo.
Para o sociólogo Luís Flávio Sapori, o Estado só vai recuperar a credibilidade se fizer uma auditoria nas estatísticas. "O novo secretário tem de dizer o que houve de errado. Senão, nós vamos sempre desconfiar dos indicadores. Caso a violência diminua, quem vai acreditar?".Fora do ar
Suspenso. Lançado em 2009 pelo Estado, o mapa eletrônico de homicídios de Belo Horizonte está fora do ar desde 2011. O sistema, que trazia detalhes sobre os crimes na capital, passa por ajustes, segundo a Seds
Após ser questionada sobre a demora, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que pretende fazer a divulgação entre hoje e a próxima segunda-feira. Um dos motivos para o adiamento, conforme a assessoria, é a mudança de comando na Seds - no dia 19, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB) foi substituído pelo procurador de Justiça Rômulo Ferraz.
Pressão. As promessas de transparência foram uma resposta do governo às críticas sobre demora na divulgação dos dados, que ficou suspensa durante 13 meses, entre o fim de 2010 e fevereiro deste ano. Justamente nesse período, houve um avanço de 10,8% no índice de crimes violentos no Estado, na comparação de 2011 com 2010.
Só na capital, os homicídios cresceram 22% - a cidade registrou uma média de 30,65 mortes para cada 100 mil habitantes. O crescimento rendeu o título de segunda capital mais violenta do Sudeste, perdendo apenas para Vitória (ES).
Além disso, houve diferença entre os números divulgados pela Seds e pela Polícia Civil. Na época, Andrada disse que as diferenças nas informações aconteciam porque o Estado contava com dois bancos de dados, da Seds e da Polícia Civil - ele prometeu unificá-los.
A epidemia de violência veio acompanhada de cortes de investimentos nos programas de prevenção. Foi o caso do Fica Vivo, que perdeu R$ 2 milhões, e do Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar), que sofreu um corte de 20,6% em seu orçamento. Sugiram também denúncias de que policiais militares estariam sendo forçados pelo governo a adulterar boletins de ocorrência, substituindo crimes violentos por outros de menor potencial ofensivo.
Para o sociólogo Luís Flávio Sapori, o Estado só vai recuperar a credibilidade se fizer uma auditoria nas estatísticas. "O novo secretário tem de dizer o que houve de errado. Senão, nós vamos sempre desconfiar dos indicadores. Caso a violência diminua, quem vai acreditar?".Fora do ar
Suspenso. Lançado em 2009 pelo Estado, o mapa eletrônico de homicídios de Belo Horizonte está fora do ar desde 2011. O sistema, que trazia detalhes sobre os crimes na capital, passa por ajustes, segundo a Seds
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