Alcaçuz, o presídio por um fio
A rotina é
assim: apenas dez agentes custodiam 631 presos na maior penitenciária do
estado
Paulo de Sousa // jpaulosousa.rn@dabr.com.br
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Agente relata que temor de rebeliões é constante no local e que presos só não fogem por causa de rifles de guariteiros Fotos: Paulo de Sousa/DN/D.A Press |
O agente penitenciário vai além e diz que a falta de estrutura de trabalho da categoria é tamanha que "do coturno à camisa, tudo foi comprados por nós mesmo. Armas, munições, algemas, nada disso foi fornecido pelo governo, tivemos que comprar por conta própria. A reforma do banheiro que usamos vai ser feita agora porque nós nos juntamos e compramos o material. O túnel encontrado aqui no último sábado foi tapado porque compramos o cimento. Não é o governo quenos dá condição de trabalho, mas nós é que fornecemos isso ao Estado".
Joelson Galúcio adverte ainda que, segundo regulamenta a Lei de Execução Penal, é necessário um agente penitenciário para cada cinco detentos. No entanto, atualmente em Alcaçuz, cada agente tem de tomar conta de mais de 60 presos. A situação, segundo ele, gera um temor constante entre esses profissionais de que algo de mais grave possa acontecer com eles. "Cadeado e parede não segura preso. No motim desta quarta-feira, eles arrancaram um portão de ferro e o usaram como escudo. Isso mostra do que são capazes".
O coordenador da administração penitenciária do Estado, José Olímpio, admite que todas as unidades vivem situação de superlotação, mas afirma que há projetos para criações de novos presídios até 2015.
Alto risco
Wellington Marques, vice-diretor de Alcaçuz, diz que o que motivou o motim provocado pelos presos na quarta-feira foi a superlotação no prédio. "Há 130 detentos confinados lá desde o último sábado. Há celas em que estão 15 detentos, sendo salas para custódia individual". O vice-diretor explica que a situação está dessa forma devido a um túnel descoberto no pavilhão 4. Para fazer os devidos reparos no prédio, que ainda vão demorar cerca de uma semana, todos os detentos que estavam no 4 foram colocados na adaptação. E mesmo com a depredação desse outro pavilhão no motim, os presos vão continuar custodiados nele. "Não há mais onde colocá-los", admite Wellington. Segundo ele, o risco de novas rebeliões e fugas é iminente. "Uma simples briga pode gerar isso de novo".
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