Ele afirma que novo motim "vai balançar os pavilhão tudo"
Record Minas
Detentos se reuniram no telhado e escreveram a palavra opressão no pátio
Cerca de uma semana após o final de uma rebelião que durou 31 horas na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, um detento fez graves denúncias contra a administração do presídio. Em conversa com a equipe da TV Record por telefone, o preso, que está há 22 anos no local, afirmou que o acordo feito com a Secretaria de Estado de Defesa Social não vem sendo cumprido.
O presidiário informou que, embora a Seds confirme que as visitas de grávidas tenham sido normalizadas, as gestantes estariam sendo impedidas de entrar no presídio. Ele fez ainda graves denúncias de maus tratos.
— Nós "tão" sendo maltratado aqui, estão tratando a gente igual cachorro. O banho de sol foi cortado.
Segundo ele, há sessões de espancamento contra os detentos que participaram do motim recentemente. Ele ressaltou ainda que as armas usadas na rebelião da última semana estariam escondidas para serem utilizadas em um novo movimento, já marcado para a semana que vem. O detento afirma ainda que os agentes e até mesmo coordenadores são responsáveis por levar armas e drogas para dentro do presídio.
— Aqui dentro tá rolando muito dinheiro. Nós "tem" comprovante aí ó, de conta bancária, que foi depositado R$ 50 mil, R$ 12 mil pro safado de um coordenador.
Ele ainda contou para a reportagem que a nova rebelião "vai balançar os pavilhão todo, até o doze".
A Seds informou, por meio da assessoria de imprensa, que as visitas de gestantes estão normalizadas. Portanto, elas tem acesso livre aos pavilhões da mesma forma que acontecia antes das visitas passarem a ser realizadas em uma sala, com acompanhamento de assistente social. O órgão ainda esclareceu que, quanto às denúncias de agressões contra presos, a Corregedoria do Sistema Prisional está ouvindo todos os detentos.
Sobre o uso de celulares, a secretaria afirma que são realizadas vistorias diárias nas celas. A unidade conta com um aparelho que faz varredura, chamado body scan e está tentando adquirir um bloqueador de sinal de celular.
Rebelião
No motim encerrado na semana passada, os presidiários mantiveram uma professora e um agente penitenciário reféns. Eles reivindicavam a normalização de visitas de grávidas e crianças e revisão das penas, além de outros pontos. Com o final da rebelião, os presos foram transferidos para o pavilhão 2.