.Borracheiro é condenado a 15 anos de prisão por morte de cabeleireira
Após tenso julgamento, a irmã de Fábio Wilian foi irônica e declarou que a Justiça do Brasil não funciona e que ele estará solta em 3 anos
RENATO COBUCCI
Fábio foi pronunciado pela Justiça no ano passado por homicídio triplamente qualificado
O borracheiro Fábio Wilian Silva foi condenado, nesta sexta-feira (19), a 15 anos de prisão por assassinar a cabeleireira Maria Islaine da Silva em janeiro de 2010. Após quase oito horas de julgamento, os jurados formados por quatro mulheres e três homens votaram, por unanimidade, para a condenação por homicídio duplamente qualificado, motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima.
A decisão, tomada no Fórum Lafayette, cabe recurso, mas o acusado deverá continuar preso no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava detido desde o dia 29 de janeiro do ano passado.
Após a sentença, a defesa e a acusação garantiram que vão recorrer. O advogado do condenado, Ércio Quaresma, disse que a pena foi alta e que na próxima sexta-feira (26) entrará com recurso pedindo a diminuição da pena. Já José Arteiro Cavalcante, assistente de acusação, achou o contrário. “A pena é pouca. Queremos pelo menos 20 anos”.
As famílias também disseram pouco sobre o resultado final. “Quinze anos é pouco para nossa dor. Deveria ter sido condenado à pena máxima de 30. Agora é esperar a acusação agir e os líderes desse país mudar o Código Penal. Esse Fábio matou minha tia e meu avô (pai da vítima) que morreu sete meses depois do assassinato”, disse Nayara Morais, sobrinha da vítima e única a falar após o julgamento.
Já Luciana Maria Soares, irmã do réu, foi irônica e debochou do resultado, afirmando que a pena é a ideal, já que a Lei Maria da Penha não funciona. “O clamor público foi derrotado hoje (sexta-feira). Infelizmente quero pedir desculpas ao povo que queria que ele fosse condenado a 30 anos. Daqui três anos ele está em casa comigo. Como disse a acusação, estamos no Brasil e não nos Estados Unidos, onde a lei é mais severa”, concluiu.
A sessão começou 9h25, após quase uma hora de atraso, e as apresentações da defesa e da acusação duraram até 16h15. O julgamento foi suspenso para almoço das 12h06 às 13h20.
Após a pausa, o julgamento ficou tenso. O assistente de acusação, José Arteiro Cavalcante, atacou verbalmente o acusado. "Você é um animal. Fabão, você é mal, você é um cara que não deveria ter existido, assim como tantos outros. Quem ama não mata. Não existe dizer que matou por amor", esbravejou. O defensor do borracheiro, Ércio Quaresma, rebateu em seguida. "Quem ama mata sim. Agora, se é justificável são outros quinhentos. Isso é que tem que ser analisado".
O promotor Morino Cotta seguiu a mesma linha do assistente de acusação. "Você não é homem. Aprenda, homem não bate em mulher", disse, olhando para o borracheiro. As frases foram ditas depois de Silva reclamar que era humilhado pela cabeleireira.
O borracheiro começou o depoimento às 10h58. Ele disse que era frequentemente humilhado pela mulher. "Ela dizia na frente de todos que eu não era homem. Ela chegou a mostrar meu espermograma, que mostrava que não poderia ter filhos, a um namorado dela para me rebaixar", afirmou. Maria Islaine também teria tentado se matar, revelou o borracheiro.
O acusado também afirmou que começou a andar armado após sofrer ameaças do traficante dono do imóvel onde o salão funcionava. No dia do crime, ele garantiu que queria apenas deixar a cabeleireira com medo. "Ela falava que iria me colocar na cadeia. Quando cheguei com o revólver e ela disse que eu não era homem de atirar, perdi a cabeça", disse no julgamento. O borracheiro afirmou estar arrependido e que merece ser condenado.
Três amigos do casal, testemunhas de defesa, falaram das 10 horas até o momento em que iniciou-se o depoimento de Silva. A linha do depoimento foi a mesma: eles falaram sobre como borracheiro era apaixonado pela Maria Islaine.
Um áudio em que os dois brigam por vários motivos, entre eles um apartamento, não foram reproduzido no julgamento. A defesa alegou que as conversas já foram divulgados e seria cansativo, já que contêm quase cinco horas de duração. A promotoria apoiou o argumento.
O auditório onde ocorreu a sessão estava cheio e muitas pessoas ficaram na porta para acompanhar a decisão. Foram colocadas faixas pedindo por justiça, punição e cumprimento da Lei Maria da Penha.
Faixas de protesto foram colocadas em frente ao Fórum Lafayette (Foto: Renato Cobucci)
Familiares da vítima e do acusado aguardavam ansiosamente pelo julgamento. “Tem que ser feito justiça, já que a Maria de Penha não funcionou. Assim, ficaremos mais tranquilos”, afirmou Rosane Morais, irmã de Maria Islaine.
Já Luciana Maria Soares, irmã do borracheiro, disse que espera uma condenação justa. “Que ele vai ser condenado isso já sabemos. Só não pode ser com vingança. Não adianta fazer a Lei Maria da Penha valer agora que ele já está preso”.
Fábio foi pronunciado pela justiça em 15 de junho do ano passado por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, emprego de meio que resultou em perigo comum e não dar possibilidades para a vítima se defender. Porém, um recurso impetrado pela defesa conseguiu retirar a segunda acusação, afirmando que as pessoas que estavam ao redor conseguiram fugir antes dos tiros começarem.
Relembre o caso
A cabeleireira Maria Islaine de Morais, na época com 31 anos, foi fuzilada por Fábio Willian Silva, com quem foi casada por cinco anos. Segundo a polícia, ela estava em seu salão de beleza, na Rua Álvaro Camargos, no Bairro Santa Mônica, Região de Venda Nova, quando o ex-marido, que estava armado com uma pistola 9 milímetros, invadiu o estabelecimento e atirou contra ela. O acusado foi preso no dia seguinte, no distrito de Biquinhas, município de Morada Nova de Minas, na Região Central do Estado. Eles estavam separados há cerca de um ano e meio.
Por causa das constantes desavenças entre o casal, a mulher já teria feito oito queixas contra o ex-marido, tendo inclusive conseguido uma ordem judicial para que Fábio Willian mantivesse 300 metros de distância dela. A irmã da vítima, Maria Ronilda Moraes de Freitas, teria dito que Maria Islaine tentou suicídio, em 2009, em função dos problemas enfrentados pelo casal.
As imagens do crime gravadas pelo circuito interno mostram o borracheiro alterado. De pé, do lado de fora do salão, ele provoca a mulher verbalmente. Neste momento, Maria Islaine fazia escova no cabelo de uma cliente. Em seguida, ele sai, volta com a arma, aponta-a para a mulher e atira várias vezes. Foram quatro tiros no peito, três nas costas e um na cabeça. Outras três pessoas estavam no local no momento do crime.
Após o assassinato, sai correndo e foge na picape Strada placa HAE-9934, que estava parada na porta do salão e, de acordo com a Polícia Militar, pertence ao pai do borracheiro.
Dinheiro
Entre os motivos das desavenças, segundo uma pessoa próxima da família, estaria a venda de um apartamento, no valor de R$ 50 mil, cujo dinheiro Fábio Willian não queria repartir. Testemunhas contaram que, um ano antes, Silva teria atirado uma bomba caseira no portão do salão, que ficou amassado.
Arrependimento
Durante audiência realizada em março de 2010, a irmã de Fábio William, Luciana Stela, afirmou que o borracheiro disse estar arrependido do que fez. Na época, ela afirmou que reuniu cerca de 5 mil assinaturas de pessoas que alegaram que ele era "boa pessoa e trabalhador".
Confira o vídeo (atenção, contém cenas fortes)
A decisão, tomada no Fórum Lafayette, cabe recurso, mas o acusado deverá continuar preso no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava detido desde o dia 29 de janeiro do ano passado.
Após a sentença, a defesa e a acusação garantiram que vão recorrer. O advogado do condenado, Ércio Quaresma, disse que a pena foi alta e que na próxima sexta-feira (26) entrará com recurso pedindo a diminuição da pena. Já José Arteiro Cavalcante, assistente de acusação, achou o contrário. “A pena é pouca. Queremos pelo menos 20 anos”.
As famílias também disseram pouco sobre o resultado final. “Quinze anos é pouco para nossa dor. Deveria ter sido condenado à pena máxima de 30. Agora é esperar a acusação agir e os líderes desse país mudar o Código Penal. Esse Fábio matou minha tia e meu avô (pai da vítima) que morreu sete meses depois do assassinato”, disse Nayara Morais, sobrinha da vítima e única a falar após o julgamento.
Já Luciana Maria Soares, irmã do réu, foi irônica e debochou do resultado, afirmando que a pena é a ideal, já que a Lei Maria da Penha não funciona. “O clamor público foi derrotado hoje (sexta-feira). Infelizmente quero pedir desculpas ao povo que queria que ele fosse condenado a 30 anos. Daqui três anos ele está em casa comigo. Como disse a acusação, estamos no Brasil e não nos Estados Unidos, onde a lei é mais severa”, concluiu.
A sessão começou 9h25, após quase uma hora de atraso, e as apresentações da defesa e da acusação duraram até 16h15. O julgamento foi suspenso para almoço das 12h06 às 13h20.
Após a pausa, o julgamento ficou tenso. O assistente de acusação, José Arteiro Cavalcante, atacou verbalmente o acusado. "Você é um animal. Fabão, você é mal, você é um cara que não deveria ter existido, assim como tantos outros. Quem ama não mata. Não existe dizer que matou por amor", esbravejou. O defensor do borracheiro, Ércio Quaresma, rebateu em seguida. "Quem ama mata sim. Agora, se é justificável são outros quinhentos. Isso é que tem que ser analisado".
O promotor Morino Cotta seguiu a mesma linha do assistente de acusação. "Você não é homem. Aprenda, homem não bate em mulher", disse, olhando para o borracheiro. As frases foram ditas depois de Silva reclamar que era humilhado pela cabeleireira.
O borracheiro começou o depoimento às 10h58. Ele disse que era frequentemente humilhado pela mulher. "Ela dizia na frente de todos que eu não era homem. Ela chegou a mostrar meu espermograma, que mostrava que não poderia ter filhos, a um namorado dela para me rebaixar", afirmou. Maria Islaine também teria tentado se matar, revelou o borracheiro.
O acusado também afirmou que começou a andar armado após sofrer ameaças do traficante dono do imóvel onde o salão funcionava. No dia do crime, ele garantiu que queria apenas deixar a cabeleireira com medo. "Ela falava que iria me colocar na cadeia. Quando cheguei com o revólver e ela disse que eu não era homem de atirar, perdi a cabeça", disse no julgamento. O borracheiro afirmou estar arrependido e que merece ser condenado.
Três amigos do casal, testemunhas de defesa, falaram das 10 horas até o momento em que iniciou-se o depoimento de Silva. A linha do depoimento foi a mesma: eles falaram sobre como borracheiro era apaixonado pela Maria Islaine.
Um áudio em que os dois brigam por vários motivos, entre eles um apartamento, não foram reproduzido no julgamento. A defesa alegou que as conversas já foram divulgados e seria cansativo, já que contêm quase cinco horas de duração. A promotoria apoiou o argumento.
O auditório onde ocorreu a sessão estava cheio e muitas pessoas ficaram na porta para acompanhar a decisão. Foram colocadas faixas pedindo por justiça, punição e cumprimento da Lei Maria da Penha.
Faixas de protesto foram colocadas em frente ao Fórum Lafayette (Foto: Renato Cobucci)
Familiares da vítima e do acusado aguardavam ansiosamente pelo julgamento. “Tem que ser feito justiça, já que a Maria de Penha não funcionou. Assim, ficaremos mais tranquilos”, afirmou Rosane Morais, irmã de Maria Islaine.
Já Luciana Maria Soares, irmã do borracheiro, disse que espera uma condenação justa. “Que ele vai ser condenado isso já sabemos. Só não pode ser com vingança. Não adianta fazer a Lei Maria da Penha valer agora que ele já está preso”.
Fábio foi pronunciado pela justiça em 15 de junho do ano passado por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, emprego de meio que resultou em perigo comum e não dar possibilidades para a vítima se defender. Porém, um recurso impetrado pela defesa conseguiu retirar a segunda acusação, afirmando que as pessoas que estavam ao redor conseguiram fugir antes dos tiros começarem.
Relembre o caso
A cabeleireira Maria Islaine de Morais, na época com 31 anos, foi fuzilada por Fábio Willian Silva, com quem foi casada por cinco anos. Segundo a polícia, ela estava em seu salão de beleza, na Rua Álvaro Camargos, no Bairro Santa Mônica, Região de Venda Nova, quando o ex-marido, que estava armado com uma pistola 9 milímetros, invadiu o estabelecimento e atirou contra ela. O acusado foi preso no dia seguinte, no distrito de Biquinhas, município de Morada Nova de Minas, na Região Central do Estado. Eles estavam separados há cerca de um ano e meio.
Por causa das constantes desavenças entre o casal, a mulher já teria feito oito queixas contra o ex-marido, tendo inclusive conseguido uma ordem judicial para que Fábio Willian mantivesse 300 metros de distância dela. A irmã da vítima, Maria Ronilda Moraes de Freitas, teria dito que Maria Islaine tentou suicídio, em 2009, em função dos problemas enfrentados pelo casal.
As imagens do crime gravadas pelo circuito interno mostram o borracheiro alterado. De pé, do lado de fora do salão, ele provoca a mulher verbalmente. Neste momento, Maria Islaine fazia escova no cabelo de uma cliente. Em seguida, ele sai, volta com a arma, aponta-a para a mulher e atira várias vezes. Foram quatro tiros no peito, três nas costas e um na cabeça. Outras três pessoas estavam no local no momento do crime.
Após o assassinato, sai correndo e foge na picape Strada placa HAE-9934, que estava parada na porta do salão e, de acordo com a Polícia Militar, pertence ao pai do borracheiro.
Dinheiro
Entre os motivos das desavenças, segundo uma pessoa próxima da família, estaria a venda de um apartamento, no valor de R$ 50 mil, cujo dinheiro Fábio Willian não queria repartir. Testemunhas contaram que, um ano antes, Silva teria atirado uma bomba caseira no portão do salão, que ficou amassado.
Arrependimento
Durante audiência realizada em março de 2010, a irmã de Fábio William, Luciana Stela, afirmou que o borracheiro disse estar arrependido do que fez. Na época, ela afirmou que reuniu cerca de 5 mil assinaturas de pessoas que alegaram que ele era "boa pessoa e trabalhador".
Confira o vídeo (atenção, contém cenas fortes)
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