Assistente de enfermagem transformou ambulatório de presídio em ponto de venda de drogas
Na Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha, no Complexo de Gericinó, em Bangu, quem quisesse comprar maconha só precisava procurar o ambulatório. Lá, a assistente de enfermagem Claudia Regina Abrantes, 44 anos, estocava, dentro de isopores, onde podia-se ler “medicamentos”, quilos da droga, destinada à venda para os detentos. Claudia, que trabalhava no local há sete anos, foi presa em abril.
As investigações da Coordenação das Unidades Prisionais de Gericinó revelaram a participação de outros internos da unidade no esquema, que também incluía a venda de celulares para presidiários. Iran Vicente Fidel e Felipe de Oliveira Leite eram detentos no presídio e, segundo a denúncia da promotora Valéria Videira Costa, “sob o argumento de terem acesso para realização de faxina no ambulatório e pavilhões da cadeia pública, pegavam a droga com a enfermeira Claudia Regina, facilitando o deslocamento dos entorpecentes e celulares para outros internos, que pagavam para obtê-los”.
Já quem intermediava o contato de Claudia Regina com os fornecedores da droga era outro preso, Ademir Sodré, que fingia ter problemas de saúde para marcar sucessivas consultas no ambulatório. No local, o morador da favela Nova Holanda, na Maré, marcava encontros entre Claudia e sua mulher, Cristiane Alves Martins, que comprava a droga fora do presídio. O lucro era repartido entre todos.
A investigação começou em abril, a partir da apreensão de um celular que estava com o faxineiro Iran dentro do presídio. Em depoimento, ele afirmou que havia comprado o aparelho por R$ 300 de Claudia Regina. Após busca no ambulatório, agentes penitenciários apreenderam 29 celulares, 29 carregadores, 33 fones, 74 chips, 3 baterias, além de 1kg e 50g de maconha. Segundo relato de Claudia, todo o material era destinado a Felipe, que iria revendê-lo nos pavilhões da prisão. Na ocasião, a auxiliar de enfermagem foi presa em flagrante. O juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal de Bangu, decretou a prisão preventiva de todos os denunciados no dia 3 deste mês. Cristiane é a única foragida.
Funcionária do Estado
Claudia Regina era funcionária do Estado há 19 anos. Ela vai responder pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de drogas e, desde abril, está presa no mesmo complexo penitenciário onde, antes, trabalhava, na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza. Se condenada, a auxiliar de enfermagem pode ficar até 25 anos presa.
Transferências
Após a revelação de que o material apreendido era destinado ao interno Felipe Leite, ele foi transferido para outra unidade, a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, Bangu 1, em abril. Entretanto, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Felipe — que, segundo as investigações, também integra o tráfico da Maré — voltou para a Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha.
Sem revista
A auxiliar de enfermagem se beneficiava do fato de funcionários não serem revistados para entrar no presídio com drogas e celulares — armazenados no arquivo de documentos médicos. As investigações não apuraram desde quando Claudia usava o ambulatório como boca de fumo.
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