Brasileiro sobrevive a incêndio em presídio, afirma governo
Adilio Gomes esteve na contagem de mortos, mas notícia foi negada pelo país
Publicado no Jornal OTEMPO em 17/02/2012
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FOTO: FERNANDO ANTONIO/ASSOCIATED PRESS
Luto. Parentes das vítimas foram ao necrotério da cidade de Comayagua, onde ocorreu o incêndio
Tegucigalpa, Honduras. O embaixador do Brasil em Tegucigalpa, Zenik Krawctschuk, disse ontem ter sido informado pelas autoridades hondurenhas sobre a morte de um brasileiro que estaria na penitenciária, identificado como Adilio Gomes Sobral.
No entanto, o Ministério Público de Honduras desmentiu que ele estivesse entre as vítimas do incêndio. "Dos quatro estrangeiros na prisão, confirmamos que o brasileiro e o salvadorenho estão vivos", disse Melvin Duarte, relações públicas do Ministério Público hondurenho. Ele nota que a identificação dos mortos, em andamento e sem previsão de término, envolve em um primeiro momento descobrir quem está vivo para retirar os nomes da lista.
Em meio à falta de informação sobre o estado das vítimas, a revelação de que a maioria dos 856 homens detidos no presídio de Comayagua, incendiado na noite de terça-feira, não havia sido condenada provocou ainda mais indignação no país sobre o episódio.
Segundo um relatório interno do governo de Honduras enviado este mês à ONU, boa parte dos prisioneiros aguardava julgamento, enquanto outros estavam detidos sob suspeita de integrar quadrilhas conhecidas no país como maras.
Segundo a rígida lei antigangue do país, o simples fato de ter tatuagens - uma das características dos maras - pode levar alguém à prisão, numa prática condenada pelas Nações Unidas.
"Disseram-me que os corpos estão irreconhecíveis, mas eu não vou embora enquanto não me entregarem o corpo do meu filho", disse Delmira Argueta, mãe de Luis Cardona, que cumpria pena por homicídio.
Segundo Delmira, seu cunhado, que também estava preso ali e sobreviveu, viu Luis em chamas, mas não conseguiu ajudá-lo.
Ao longo do dia de ontem, dezenas de sobreviventes contavam histórias tragicamente parecidas."Nós conseguimos arrebentar o teto e saímos. Mas vimos como, na cela da frente, os presos morriam. Eles tentavam sair, mas o portão estava trancado. Foi um pesadelo", disse Eladio Chicas, um dos detentos.
A tragédia também expôs as precárias condições do sistema penitenciário de Honduras. O presídio de Comauagua, por exemplo, foi construído para abrigar cerca de 250 presos. Um problema que afeta toda a América Latina, segundo o vice-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Rodrigo Escobar.
Causa. O fogo começou às 22h30 de terça-feira, segundo Danilo Orellana, chefe do setor penitenciário do país. Ele afirmou que não se tratou de uma rebelião. Segundo ele, um detento poderia ter iniciado o fogo, ou teria havido um curto-circuito. Mas os bombeiros afirmaram ter ouvido disparos dentro do prédio. As chamas se espalharam rapidamente por vários blocos do presídio.
No entanto, o Ministério Público de Honduras desmentiu que ele estivesse entre as vítimas do incêndio. "Dos quatro estrangeiros na prisão, confirmamos que o brasileiro e o salvadorenho estão vivos", disse Melvin Duarte, relações públicas do Ministério Público hondurenho. Ele nota que a identificação dos mortos, em andamento e sem previsão de término, envolve em um primeiro momento descobrir quem está vivo para retirar os nomes da lista.
Em meio à falta de informação sobre o estado das vítimas, a revelação de que a maioria dos 856 homens detidos no presídio de Comayagua, incendiado na noite de terça-feira, não havia sido condenada provocou ainda mais indignação no país sobre o episódio.
Segundo um relatório interno do governo de Honduras enviado este mês à ONU, boa parte dos prisioneiros aguardava julgamento, enquanto outros estavam detidos sob suspeita de integrar quadrilhas conhecidas no país como maras.
Segundo a rígida lei antigangue do país, o simples fato de ter tatuagens - uma das características dos maras - pode levar alguém à prisão, numa prática condenada pelas Nações Unidas.
"Disseram-me que os corpos estão irreconhecíveis, mas eu não vou embora enquanto não me entregarem o corpo do meu filho", disse Delmira Argueta, mãe de Luis Cardona, que cumpria pena por homicídio.
Segundo Delmira, seu cunhado, que também estava preso ali e sobreviveu, viu Luis em chamas, mas não conseguiu ajudá-lo.
Ao longo do dia de ontem, dezenas de sobreviventes contavam histórias tragicamente parecidas."Nós conseguimos arrebentar o teto e saímos. Mas vimos como, na cela da frente, os presos morriam. Eles tentavam sair, mas o portão estava trancado. Foi um pesadelo", disse Eladio Chicas, um dos detentos.
A tragédia também expôs as precárias condições do sistema penitenciário de Honduras. O presídio de Comauagua, por exemplo, foi construído para abrigar cerca de 250 presos. Um problema que afeta toda a América Latina, segundo o vice-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Rodrigo Escobar.
Causa. O fogo começou às 22h30 de terça-feira, segundo Danilo Orellana, chefe do setor penitenciário do país. Ele afirmou que não se tratou de uma rebelião. Segundo ele, um detento poderia ter iniciado o fogo, ou teria havido um curto-circuito. Mas os bombeiros afirmaram ter ouvido disparos dentro do prédio. As chamas se espalharam rapidamente por vários blocos do presídio.
SOCORRO
Autoridades investigam negligência
Tegucigalpa. As autoridades investigam denúncias de negligência durante o incidente. Muitos detentos morreram em suas celas, sem ajuda, no que vem sendo considerado a maior tragédia carcerária mundial em uma década.
"Percebemos que aconteceu negligência na abertura dos portões. Devemos fazer uma investigação exaustiva", disse à France Presse o presidente do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras, Andrés Pavón.
Corpos carbonizados abraçados às barras, ao que parece de vítimas da demora dos guardas em liberar o acesso aos bombeiros, foram descritos por sobreviventes e legistas que entraram na
prisão de Comayagua, cidade que fica 90 km ao norte de Tegucigalpa.
O porta-voz da polícia, Héctor Iván Mejía, rebateu as denúncias e alegou que os carcereiros informaram sobre o incêndio assim que perceberam as chamas.
"Percebemos que aconteceu negligência na abertura dos portões. Devemos fazer uma investigação exaustiva", disse à France Presse o presidente do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras, Andrés Pavón.
Corpos carbonizados abraçados às barras, ao que parece de vítimas da demora dos guardas em liberar o acesso aos bombeiros, foram descritos por sobreviventes e legistas que entraram na
prisão de Comayagua, cidade que fica 90 km ao norte de Tegucigalpa.
O porta-voz da polícia, Héctor Iván Mejía, rebateu as denúncias e alegou que os carcereiros informaram sobre o incêndio assim que perceberam as chamas.
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