quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Atrocidades cometidas pelo Rotam expõem um modelo de policiamento arcaico
Atrocidades cometidas pelo Rotam expõem um modelo de policiamento arcaico
Autoridades e especialistas em segurança pública são taxativos quanto à necessidade de extinção do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa deve protocolar um pedido para acabar com a unidade da Polícia Militar. Se a crítica é recente, as atrocidades cometidas pelo Rotam são antigas e expõem um modelo de policiamento arcaico e de atuação bastante arbitrária e que pode ter se repetido no sábado. Marcas de tiro no chão no local das mortes podem comprovar a execução.
Tidos como “intocáveis”, mesmo os praças – policiais de patentes mais baixas – desrespeitam o poder dos comandantes locais e atuam como bem entendem em vilas e favelas, o que tem gerado revolta da comunidade. O sociólogo Luis Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas e ex-secretário adjunto de Estado de Defesa Social, é favorável à extinção do Rotam. “A Polícia Militar não precisa de um batalhão que adota uma postura tipicamente repressiva, já que conta com o Grupamento Especializado em Áreas de Risco (Gepar) e os táticos móveis dos batalhões para fazer frente à criminalidade violenta”, diz. Da mesma opinião compartilha o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo (PT): “Ninguém comanda os homens do Rotam. Mesmo que seja feito um belo policiamento comunitário, eles põem tudo a perder”, afirma.
O deputado diz que deve pedir à Corregedoria da Polícia Militar que convoque o tenente Clayton Santana, do Rotam, para explicar a versão dada por ele sobre a morte de Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e seu tio Renilson Veriano da Silva, de 39. O militar afirmou que cerca de 15 homens fardados teriam disparado várias vezes contra a guarnição da PM, atingindo um dos militares no colete à prova de balas. No entanto, uma testemunha ocular ouvida pela Polícia Civil contradiz a versão e afirma que as mortes foram consumadas a sangue frio, numa execução brutal. “Ele estabeleceu uma versão como se fosse o oficial da PM, numa postura suspeita, corporativa e mentirosa. É preciso que se explique. Mostrou que tem conhecimento e precisamos saber por que não foi afastado”, critica o deputado.
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