Agentes assinam documento que comprova 'risco de morte' em cadeia
'Termo de ciência' foi assinado por agentes penitenciários de Guarapuava.
Trabalhadores relataram ameaças de presos após a morte de um colega.
Dois agentes do complexo da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) e do Centro de Regime
Semiaberto (Crag), na região central do Paraná, assinaram documentos informando que sabem que são ameaçados de morte por presos das penitenciárias. De acordo com os agentes, os “termos de ciência” foram entregues pelos diretores das unidades, subordinadas ao Departamento Penitenciário (Depen), que é vinculado à Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp).
O documento orienta os trabalhadores a redobrarem a segurança pessoal, pois correm risco de morrer. A medida foi tomada após a morte de um agente penitenciário no alojamento do Crag na madrugada de segunda-feira (16) por um grupo que invadiu a unidade penal. Os responsáveis pelo crime foram presos em flagrante.
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Segundo a direção da unidade penal, o "termo de ciência" foi encaminhado pelo Setor de Inteligência da Sesp e entregue aos agentes pela administração em Guarapuava.
Já a Secretaria de Segurança informou que o documento foi uma iniciativa da direção da unidade, subordinada ao Depen.
A secretaria ainda informou que não sabia das ameaças sofridas pelos agentes, porém vai investigar o caso. A Sesp informou que os agentes que se sentirem ameaçados podem ser afastados ou transferidos.
Ameaças aos agentes
De acordo com os agentes, as ameaças internas foram relatadas à Sesp pelo Setor de Inteligência do Crag, que interceptou conversas entre presos. Nas conversas, os detentos disseram que agentes seriam executados.
De acordo com os agentes, as ameaças internas foram relatadas à Sesp pelo Setor de Inteligência do Crag, que interceptou conversas entre presos. Nas conversas, os detentos disseram que agentes seriam executados.
Cinco dias antes do assassinato do servidor na segunda-feira, um preso contou que havia uma lista de agentes marcados para morrer. A declaração chegou a ser documentada pela direção da penitenciária, porém, o documento acabou sumindo. O nome do agente assassinado, no entanto, não estava na lista. A Sesp e o Depen alegam não ter conhecimento desta declaração.
É esse o amparo que o governo dá para seus trabalhadores?"
Antony Johnson
Conforme um dos agentes, que preferiu não ser identificado, e recebeu o “termo de ciência”, a segurança é frágil para os trabalhadores da unidade penal. “A gente depende dos criminosos terem vontade de entrar lá [penitenciária]. E se eles tiverem, conseguem. Isso porque a estrutura não oferece segurança nenhuma para trabalharmos”, afirma.
Ainda segundo o profissional, o Estado do Paraná é informado toda vez que uma situação como essa ocorre. “São notificados, porém, não tomam atitude nenhuma”, completa. Após a ameaça, o agente pensa em pedir exoneração.
Outro agente, que também prefere o anonimato, diz que recebeu o “termo de ciência”, porém afirma que o documento não o livra dos riscos. “Até agora não sei o que vou fazer com esse papel, talvez eu vá fazer o meu atestado de óbito, ir atrás disso. Ainda não entendi o que vai me valer esse termo de ciência”, desabafou.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Antony Johnson, critica a medida. “É esse o amparo que o governo dá para os seus trabalhadores? Precisamos de medidas efetivas, não um aviso. O aviso vai garantir a integridade física do trabalhador?”, questiona Johnson.
Os dois agentes continuam trabalhando nas unidades.
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