quarta-feira, 16 de março de 2011
Corregedoria indicia 12 por execuções na Serra
Corregedoria indicia 12 por execuções na Serra
Soldados Jonas e Jason, ambos presos, poderão ir a júri popular
Publicado no Jornal OTEMPO em 16/03/2011Avalie esta notícia » 246810.RAPHAEL RAMOS
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AAFOTO: CRISTIANO TRAD - 21/2/2011
Protestos. Dias seguintes às mortes foram marcados por manifestações promovidas pela comunidadeCRISTIANO TRAD - 21/2/2011
Protestos. Dias seguintes às mortes foram marcados por manifestações promovidas pela comunidade
A Corregedoria da Polícia Militar anunciou ontem o indiciamento de 12 policiais do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) acusados de envolvimento no assassinato de Renilson Veriano da Silva, 39, e do sobrinho dele Jeferson Coelho da Silva, 17, moradores do aglomerado da Serra, na região Centro-Sul da capital. Tio e sobrinho foram executados numa desastrosa ação policial, no último dia 19, que trouxe à tona um suposto esquema de cobrança de propina no morro envolvendo policiais.
Dos 12 indiciados, três estão presos. Dois deles vão responder a processo por homicídio (sendo que um ainda será processado por falsidade ideológica) e o terceiro por prevaricação (crime praticado por funcionário público).
Os outros nove militares indiciados não participaram diretamente da ação no aglomerado, mas irão responder a processo por prevaricação, já que teriam contribuído para montar a farsa para justificar um tiroteio que, na verdade, não teria existido. Dois deles ainda foram indiciados por falsidade ideológica. Eles não tiveram os nomes revelados e poderão ter as prisões solicitadas.
A Corregedoria da PM concluiu que os soldados Jason Ferreira Paschoalino e Jonas David Rosa foram os autores das mortes, e o soldado Adelmo Zuccheratte, que dirigia a viatura, praticou prevaricação. O cabo Fabio de Oliveira, que comandou a ação, foi encontrado morto na cela dois após ser preso.
Na última segunda-feira, o jornal O TEMPO publicou, com exclusividade, a informação de que o soldado Jason teria confessado a autoria das mortes à equipe médica que o atende na prisão. Nas sessões com assistentes sociais e psiquiatras, Jason teria revelado ainda um perfil altamente violento e frio e chegou a dizer que "mata por prazer".
Hoje, o Inquérito Policial Militar (IPM) será encaminhado à Justiça Militar. O chefe da assessoria de comunicação da Polícia Miliar, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, explicou que o juiz responsável irá encaminhar o processo ao Ministério Público Estadual Militar, que então terá cinco dias para apreciar e oferecer denúncia.
De acordo com o assessor, por determinação do Código Penal Militar e da Constituição Federal, mesmo se tratando de uma investigação militar, os acusados por homicídio deverão ir a júri popular. Paralelamente às investigações da Corregedoria da Polícia Militar, a Polícia Civil também apura o crime. A expectativa é que até o final desta semana as investigações sejam concluídas.
Nesses 24 dias de investigação, o soldado Zuccheratte foi o único dos suspeitos que se pronunciou. Ele negou envolvimento nas mortes e disse que sequer esteve no local do crime. Em um dos seus depoimentos, afirmou que apenas levou os colegas ao local das mortes.
Reação da comunidade foi o que motivou apuração rápida
As mortes dos moradores da Serra causaram uma reação até então nunca vista num aglomerado. Dois dias após as execuções, uma multidão indignada saiu às ruas da capital e protestou contra a ação dos militares, que teriam alegado um tiroteio para justificar as mortes. Um dia antes, ônibus haviam sido incendiados no aglomerado. Houve confronto com policiais. Escolas fecharam as portas. A população denunciou que os moradores não tinham qualquer envolvimento com a criminalidade.
A repercussão do crime chegou à sede do governo do Estado e levou o governador Antonio Anastasia ao aglomerado. Ele visitou os parentes dos moradores e prometeu apuração rigorosa. (RR)
FOTO: Victor Hugo Fonseca - 19.2.2011
No dia da ação, PMs disseram que "criminosos" usavam fardasVictor Hugo Fonseca - 19.2.2011
No dia da ação, PMs disseram que "criminosos" usavam fardas
Corregedoria
Fardas são mesmo do soldado Jason
Ontem à tarde, horas antes de a assessoria da Polícia Militar comunicar a conclusão da investigação, o deputado Durval Ângelo, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, havia participado de uma reunião na corregedoria. Segundo ele, no encontro do colegiado de corregedores ficou confirmado que as duas fardas apresentadas após a ação no aglomerado da Serra, no último dia 19, como sendo de criminosos eram mesmo do soldado Jason Ferreira Paschoalino, um dos indiciados.
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