Negociações param na Nelson Hungria e ônibus é queimado no Anel
Luiz Cláudio Salustiano - colaborador
Ônibus queimado no Anel Rodoviário por ordem de detentos da Penitenciária Nelson Hungria
"Opressão do sistema". Estas eram as palavras escritas no bilhete encontrado ao lado do ônibus da linha 4501 (Califórnia II/São Paulo) incendiado no início da madrugada desta sexta-feira (22) no Anel Rodoviário, altura do bairro Califórnia, região Noreste da Capital. Três homens ainda não identificados teriam entrado no coletivo onde estavam o motorista, o trocador e uma passageira e ordenado que eles saíssem, Em seguida, jogaram gasolina e atearam fogo. O óleo que vazou do tanque do ônibus atingiu um Palio prata e parte da rede elétrica próxima, que também ficaram danificados. Viaturas do Corpo de Bombeiros trabalharam no combate as chamas, mas o coletivo ficou totalmente destruído.
A ação ocorreu pouco depois que as negociações entre presos e agentes do Grupo de Ações Táticas (Gate) teriam sido encerradas, no final da noite de quinta-feira na penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região Metropolitana de BH, onde desde as 9 horas aproximadamente cem presos se rebelaram, mantendo um agente penitenciário e uma professora como reféns. De acordo com parentes de detentos que aguardam do lado de fora da penitenciária, a ordem de incendiar o coletivo teria partido dos rebelados do pavilhão I.
Também à noite foi formado um gabinete da crise com representantes da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), polícias Civil e Militar., Ministério Público e Tribunal de Justiça, para coordenar as ações e colocar um fim à rebelião, o que poderá acontecer na manhã desta sexta-feira;
Mais cedo, as negociações com os presos chegaram a avançar, com a possibilidade da rebelião ser encerrada ainda na quinta-feira. Representantes dos presos passaram a tarde e noite conversando com Agentes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) por rádio e pessoalmente. Na noite de quinta-feira foi cortado o abastecimento de água e energia elétrica, nos pavilhões onde os presos se rebelaram. Desde cedo, a comida já havia sido cortada.
No início da madrugada, mais de 250 homens da PM reforçavam a segurança no local, utilizando um gerador de energia e alguns refletores, além de uma ambulância do Corpo de Bombeiros.
Parentes dos detentos que aguardam um desfecho da rebelião do lado de fora da penitenciária informaram à reportagem do Hoje em Dia que presos de outros pavilhões teriam iniciado uma greve de fome, informação não confirmada pela Seds.
Aproximadamente, cem detentos mantêm um agente penitenciário e uma professora como reféns dentro da unidade prisional, desde o início da revolta.Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Renato André de Paula e Eliana da Silva estavam na sala de aula da escola regular que funciona dentro da unidade quando foram rendidos. À noite, a professora chegou a passar com problemas de pressão, foi medicada e já se recuperou, mas permanece em poder dos detentos.