Agentes penitenciários abandonam cargos após receberem ameaças
Além dos riscos inerentes à profissão,
devido aos diversos problemas existentes nas unidades prisionais da
Paraíba, os agentes penitenciários ainda são vítimas de ameaças e
trabalham sem condições de segurança.
As denúncias partem do Sindicato dos
Servidores da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado
(SindSeap), e revelam ainda que esses casos são mais recorrentes nas
unidades onde os presos cumprem pena em regime semiaberto.
A falta de material de segurança, espaço
físico, efetivo, equipamentos de comunicação, além da ausência de
detectores de metais e de veículos para transporte dos detentos,
sobretudo no interior, são as reclamações mais frequentes que chegam ao
sindicato. Com 36 anos de trabalho, o agente João Silveira (nome
fictício) foi ameaçado de morte, há 10 meses, por detentos do Monte
Santo, no município de Campina Grande, que recebe presos albergados.
"Já fui ameaçado por apenado e jurado de
morte. Antes disso, quando trabalhei na Máxima Padrão (Complexo do
Serrotão), pedi para sair de lá porque estava sendo ameaçado. Escapei de
morrer duas vezes", contou o agente. Ele acrescentou ainda que as
ameaças aconteceram porque ele não quis o suborno dos detentos. "Ele
tentou me subornar, mas não aceitei e contei ao diretor do presídio. Aí
as ameaças começaram", disse.
As ameaças são tão frequentes que cerca de
300 agentes penitenciários, dos 2.000 convocados no concurso realizado
em 2008 para o cargo público, não quiseram continuar na função, segundo
informou o presidente do SindSeap, Manoel Leite. "Ao chegar nas unidades
e ver as condições de trabalho, os agentes desistiram e o número que
ficou é insuficiente para suprir a demanda, porque parte desse efetivo
também é designado para fazer a escolta de detentos", acrescentou o
sindicalista.
Um dos convocados que permanece na função,
mesmo enfrentando problemas, é Severino Costa (nome fictício). Há cinco
anos ele trabalha na Penitenciária de Segurança Máxima Criminalista
Geraldo Beltrão, localizada no bairro de Mangabeira, em João Pessoa.
Segundo o agente, o problema que representa risco para quem trabalha no
local é a superlotação da unidade.
"Nós temos quase 250 presos e a capacidade
do presídio é para 80. As ameaças ocorrem mais quando a gente contraria o
interesse dos apenados ou quando encontra algum material ilícito nas
celas ou com as esposas. Eles (os detentos) sempre dizem que estão
presos, mas não estão sozinhos, e que depois a gente pode se arrepender
por tê-los contrariado", disse Severino.
Ainda na capital, as reclamações mais
frequentes dos agentes vem do Complexo Penitenciário PB-1 e da
Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, o Róger.
@folhadosertao
com Katiana Ramo
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