O paradoxo da maternidade na prisão
As histórias se confundem num misto de dor, medo e esperança. A sensação de perda é latente e iminente. As mães da Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), mais conhecido como Bom Pastor, no Engenho do Meio, Região Metropolitana do Recife (RMR), cumprem uma pena extra: se afastar dos filhos após amamentá-lo por cerca de seis meses. Elas são unânimes em afirmar que o castigo da separação é maior do que o da falta de liberdade.
Segundo o artigo 5º, inciso L da Constituição Federal, às presidiárias são asseguradas condições para que possam permanecer com os seus filhos durante o período de amamentação. Este período, segundo a direção da Colônia, é de seis meses, o mesmo tempo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Contudo, a chefa executiva da Colônia Penal Feminina do Recife, Allana Lígia, explica que, apesar do prazo ser de seis meses, "há casos em que o juiz processante prolonga a estadia do bebê por não se ter com quem deixá-lo, mas este requerimento é feito pelo advogado, podendo a criança ficar por até um ano."
Na atual gestão, isto é, desde 2010 até o momento, passaram 88 gestantes pela CPFR. Atualmente, cerca de 700 mulheres cumprem pena na Colônia, destas, 21 são gestantes. Ou seja, são duas dezenas de paradoxos, de mulheres que sentem a liberdade dentro das grades