Traficantes selam "acordo de paz" para manter polícia fora da Serra
Maurício de Souza
Policiais voltaram, no sábado (5), ao Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte
Um dia após a megaoperação de combate ao tráfico de drogas que terminou com apenas um adolescente apreendido, policiais militares permaneceram de prontidão, no sábado (5), no Aglomerado da Serra, na zona Sul de Belo Horizonte. Apesar do patrulhamento, moradores e comerciantes afirmam que a repressão feita pelas forças de segurança não consegue impedir a distribuição de entorpecentes na comunidade.
Segundo um líder comunitário que mora no local há mais de 50 anos e pediu anonimato por medo de represálias, diferentemente do que acontece nos demais morros do país, onde há constantes confrontos armados na disputa por bocas de fumo, no Aglomerado da Serra a ordem é manter a paz entre inimigos. “Sem guerra de grupos rivais não há motivo para a polícia ficar invadindo”, diz.
Crime organizado
Na avaliação do morador, o que existe hoje é uma gestão criminosa para administrar o negócio ilícito. “Os donos dos pontos de distribuição de entorpecentes têm uma espécie de ‘acordo de cavalheiros’. Não há invasão de territórios e o preço das drogas, como crack, maconha e cocaína, é praticamente tabelado”.
O líder comunitário acrescenta que, sem confrontos e com a redução de crimes violentos, como os homicídios, a presença de policiais não se faz tão necessária no morro.
Inexpressiva
Na sexta-feira, operação conjunta entre as polícias Civil e Militar, da qual participaram 180 homens, 35 patrulhas e sete motopatrulhas, terminou com a apreensão de um carregador de pistola semiautomática 9mm, uma motocicleta roubada, dez pinos de cocaína, 21 buchas de maconha e uma porção de crack, além de R$ 2.650.
Um adolescente de 14 anos que conduzia a moto roubada foi apreendido.
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