TESTE NA PASC. Para combater uma chaga nas cadeias, tecnologia chinesa será usada para evitar o uso de aparelhos por apenados perigosos - CARLOS WAGNER, ZERO HORA 27/03/2012
Mais um teste de bloqueador de celulares teve início, ontem, em cadeias gaúchas. Nos próximos dois meses, uma empresa brasileira que utiliza tecnologia chinesa tentará bloquear as chamadas dos presos na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), que tem 235 apenados – a maioria quadrilheiros influentes no mundo do crime.
– A questão do celular na Pasc é diferente do problema de qualquer outro presídio no Estado, porque lá estão presos os grandes chefes de quadrilhas, como o Paulão (Paulo Ricardo Santos da Silva, chefe do tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição, zona leste de Porto Alegre). Imagine uma pessoa dessas com acesso a celular – comentou Gelson Treiesleben, superintendente dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Os equipamentos chegaram ao Estado no início do ano e já estão instalados na Pasc. Caso aprovado, afirma o superintendente, o sistema deverá ser colocado em outros presídios gaúchos. A instalação dos bloqueadores terminou na semana passada e, desde a manhã de ontem, começaram a operar de maneira experimental.
– Os técnicos estão calibrando e fazendo testes – informou Treiesleben.
A Susepe não divulga detalhes de como estão instalados os equipamentos ou a respeito da tecnologia utilizada. Mas o bloqueio só irá acontecer nos aparelhos celulares usados dentro da Pasc. Parte dos equipamentos foi colocada em postes distribuídos ao redor do prédio da penitenciária.
A direção da Susepe aposta no sucesso do projeto. Porém, Treiesleben diz que ainda é cedo para falar em custos. Se houver um acordo entre a Susepe e a empresa, o contrato deverá ser formatado de maneira que o bloqueador acompanhe a evolução tecnológica dos celulares.
Testes no Presídio Central e em outras prisões fracassaram
Não é a primeira vez que é oferecida tecnologia chinesa para a Susepe, a fim de bloquear os aparelhos celulares que entram clandestinamente nos presídios. Em agosto de 2009, foram realizados testes com bloqueadores chineses no Presídio Central, em Porto Alegre, e em presídios de Charqueadas. Os resultados dos testes não atingiram o seu objetivo, e o projeto fracassou. Em 2006, foram testados bloqueadores de celulares nos presídios em Charqueadas, que acabaram causando prejuízos para a população, porque interferiu na telefonia celular do município da Região Carbonífera.
O problema de celulares nos presídios gaúchos é antigo e tem resistido a todas as investidas das autoridades. Em 2009, por exemplo, foram apreendidos em torno de 505 aparelhos por mês. A maioria desses equipamentos é usada por chefes de quadrilhas para manter os seus negócios criminosos fora dos muros das prisões.