terça-feira, 12 de agosto de 2014

Condenado a 70 anos de reclusão é solto por engano em presídio de Alagoas

Aliny Gama
Do UOL, em Maceió 
  • Primeira Edição Online
    Carlos Alberto da Silva Júnior, 23, foi solto por engano no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió
    Carlos Alberto da Silva Júnior, 23, foi solto por engano no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió
Um preso condenado a 70 anos de reclusão foi solto por engano no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, localizado em Maceió, no último dia 25.
Carlos Alberto da Silva Júnior, 23, conhecido como Júnior Capoeira, ganhou a liberdade após chegar um alvará de soltura expedido pela Justiça.
Segundo a Seris (Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social), no alvará de soltura havia apenas o nome do preso, sem a filiação. Quando a administração consultou a situação do preso não existia prontuário que apontasse outros crimes e ele foi solto. Mas, depois observaram que o preso tinha prontuário com o nome da mãe em anexo e que ele era condenado a 70 anos de reclusão, e ainda tinha outras acusações para serem julgadas.
O Sindapen (Sindicato dos Agentes Penitenciários) atribuiu a falha ao sucateamento do sistema prisional de Alagoas. Para o presidente do Sindapen, Jarbas Souza, devido à não existência de um sistema informatizado com dados dos presos acabam ocorrendo "solturas indevidas".
"O Estado deveria controlar por biometria os dados dos presos e de familiares para que não haja falhas, pois não temos como gravar os nomes de todos os presos e as imagens deles na cabeça, isso é humanamente impossível. Além do mais, nos dias de visita o entra-e-sai de pessoas dentro dos presídios também fica difícil saber pela cara quem é preso e quem é visita na saída. Um computador e uma máquina de biometria tornaria o serviço mais eficiente e isso não custa nada para o governo do Estado", criticou Souza, destacando que a secretaria deveria ter divulgado o quanto antes sobre a soltura do preso, pois "ele é de alta periculosidade, matou dois policiais e é suspeito de assassinar a própria mãe".
1 / 167Reprodução/Facebook
Esta não é a primeira vez que um preso é solto por engano no sistema penitenciário de Alagoas. Em março deste ano, um interno do Presídio do Agreste, localizado no município de Girau do Ponciano (a 162 km de Maceió), foi solto por ter o nome parecido com o de outro preso.
O preso Josivaldo Guerra dos Santos, condenado a 25 anos de prisão por roubo qualificado, ganhou liberdade no lugar de Josivaldo Correia dos Santos, verdadeiro beneficiado com o alvará de soltura. Josivaldo Guerra dos Santos continua foragido.
A Seris informou que um processo administrativo foi aberto pela corregedoria do sistema prisional de Alagoas para apurar as responsabilidades. Questionada sobre não haver um sistema de cruzamento de dados dos presos e ainda a falta de sistema de biometria, a Seris não justificou as falhas.

Crimes

Carlos Alberto é acusado de ser matador de aluguel e de ter cometido 11 assassinatos, dentre eles a morte de dois policiais e outros ligados a disputa do tráfico de drogas em Maceió e Pilar (a 39km da capital).
Ele estava recluso desde 17 de agosto de 2012, quando foi preso pela Força Nacional de Segurança Pública no bairro de Santa Lúcia (periferia de Maceió) levando R$ 6,5 mil oriundos do tráfico de drogas. A prisão de Carlos Alberto ocorreu em cumprimento a um mandado de prisão da 7ª Vara Criminal da Capital sobre o assassinato de Valdir Marques dos Santos e a tentativa de homicídio de Michael Miranda Ferreira, crimes ocorridos no dia 29 de junho de 2012 na Rua Almirante, localizada no bairro Tabuleiro do Martins.

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