Policiais militares da Tropa de Choque, do Grupo de Operações Táticas Especiais (GATE), do Canil e agentes prisionais controlaram, nessa quarta-feira (4), um motim dentro do Presídio Regional de Montes Claros, localizado no Bairro Jaraguá II. Um helicóptero da PM também foi utilizado. A confusão começou por volta das 6 horas e foi causada por detentos dos pavilhões A, B, E e F durante buscas nas celas. Os internos colocaram fogo em roupas e colchões. A situação só foi controlada cinco horas após a explosão da revolta. De acordo com informações de agentes penitenciários e da Polícia, ninguém ficou ferido. Um funcionário da cadeia revelou que os presos reivindicam comida melhor e também reclamam de falta de água durante as visitas íntimas.
A Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) enviou nota sobre o motim e informou que foi instaurado um procedimento interno para apurar os motivos da revolta e os responsáveis pelo movimento. Ainda segundo o documento, a situação dentro da unidade foi normalizada e os danos ao patrimônio estão sendo avaliados. De acordo com um funcionário da casa prisional, que pediu para não ser identificado, um ponto que pode ter motivado o motim é a superlotação do presídio. O prédio, com capacidade para 592 pessoas, atualmente abriga quase o dobro de detentos.
REBELIÃO PLANEJADA
Segundo o agente de segurança pública, Alexandre Guerreiro, presidente da Associação dos Agentes Penitenciários de Minas Gerais, foi feita uma denúncia de que a rebelião seria realizada nessa quarta-feira. Cartas enviadas para presos e para familiares também foram monitoradas pelo setor de inteligência da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). Familiares dos presos também confirmam que a rebelião já estava sendo planejada. Quando os agentes iniciaram as vistorias nos pavilhões os presos se negaram a sair das celas. Após a negativa dos detentos, uma revista geral foi realizada. De acordo com Alexandre, vários aparelhos celulares, carregadores e chuços (pedaços de ferros pontiagudos) foram apreendidos nas celas durante as buscas.
CANCELAMENTOS
Durante toda a manhã de ontem, procedimentos como o cadastro de visitantes, entrega de documentos e soltura de presos não foram realizados. O advogado Luiz Henrique Xavier esteve no presídio para colher assinaturas de dois detentos e conversar com outros dois. Ele lamentou o ocorrido, uma vez que não teve como fazer nenhum dos dois procedimentos. Internos que estavam para ser soltos na manhã de ontem, continuaram trancafiados.
A esposa de um deles, que não quis se identificar, foi ao local acompanhada de dois advogados para buscar o marido, mas acabou recebendo a notícia de que ele só vai poder ser solto nesta quinta-feira. "Estou aqui desde cedo para entregar um remédio para o meu filho, que está preso desde 2010, mas vou ter que voltar para casa, não disseram nada, apenas para voltar no dia seguinte", disse um vigilante.
O QUE DIZ A SUAPI
A Suapi informou em nota que o episódio foi um "princípio de tumulto" e confirmou que tudo começou após os presos resistirem à entrada de agentes nas celas. Ainda de acordo com a instituição, os internos colocaram fogo em pedaços de colchões, mas a situação foi prontamente contida pelos agentes penitenciários, com o apoio do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) do Sistema Prisional e da Polícia Militar. A Suapi esclareceu também que não houve feridos e que vai ser instaurado um procedimento interno para apurar as circunstâncias do ocorrido.
Advogados que estavam na porta da casa de detenção disseram à reportagem do JORNAL DE NOTÍCIAS que, na semana passada e na última terça-feira (3), também foi registrado principio de rebelião no local. O último motim registrado em 2013 ocorreu no dia 18 de dezembro. Outras rebeliões também foram registradas no Presídio Regional de Montes Claros neste ano. No dia 19 de fevereiro e no dia 13 de março, um detento agrediu outro na cela de triagem.