Em solidariedade a colega, agentes penitenciárias de SP usam lenço como símbolo de combate ao câncer de mama
Lenço é símbolo da luta de agente penitenciária contra câncer de mama
Olga Zácari ganhou apoio contra a doença dentro e fora das prisões.
Campanha visa destinar lenços doados para Hospital Amaral Carvalho.
Fonte: Portal G1
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Os fios louros platinados que antes ocupavam a cabeça da agente de segurança penitenciária Olga Zácari hoje estão substituídos pelos pontos mais grossos de tecido de um lenço. Vítima de um câncer de mama, a moradora de Pirajuí (SP) se tornou exemplo de como encarar a doença de frente. Através da internet, ela conseguiu mobilizar mulheres e homens a adotar o acessório como uma rede de solidariedade e forma de alerta na cidade inteira e dentro da unidade prisional.
A descoberta de um câncer de mama provoca uma reviravolta na vida da mulher e com Olga não foi diferente. Com 30 anos completados no último domingo (1), a agente de segurança penitenciária descobriu um nódulo na mama esquerda em janeiro deste ano. “Eu senti uma coisa que parecia um caroço no meu seio. Fui ao médico e recebi o diagnóstico de câncer em março. Fiquei apavorada porque não tinha casos na família e pensei que fosse morrer em 10 minutos. Além disso, fui orientada a começar a quimioterapia o mais rápido possível. Até agora já fiz três sessões das mais agressivas”, conta em entrevista ao G1.
Os cabelos louros, compridos e muito bem cuidados começaram a cair 15 dias após o início do tratamento. Vaidosa, Olga conta que foi difícil raspar a cabeça, mas que agora os fios na cabeça têm outro valor. “Foi difícil raspar. O impacto é tão grande que você não consegue pensar em outra coisa. Me achei feia e achei que não ia mais sair de casa. Foi a própria cabeleireira que me ensinou a colocar o lenço que eu não sabia nem como segurava”, lembra.
No entanto, Olga contrariou o próprio pensamento e não “se fechou no câncer”, como ela mesma diz. Na internet, as buscas que eram antes voltadas a descobrir os melhores shampoos e condicionadores foram substituídas pela pesquisa dos melhores nós e lenços mais bonitos. “Eu encontrei muitas dicas de tipos de tecidos mais confortáveis e como fazer os nós mais bonitos. Acho que já tenho umas 40 peças de todas as formas e tamanho”, diz.
Boas-vindas dentro e fora das prisões
A união para usar o lenço em solidariedade à agente que tomou conta das redes sociais começou depois que Olga se afastou da função de carcereira na unidade prisional feminina e foi encaminhada para a função administrativa da unidade. “Eles acharam melhor que eu ficasse dentro de uma sala e não tivesse tanto contato com as reeducandas. Até o dia de voltar da licença eu já tinha me acostumado com o lenço e lembro que fiz um nó bem bonito para combinar com o uniforme”, lembra.
A união para usar o lenço em solidariedade à agente que tomou conta das redes sociais começou depois que Olga se afastou da função de carcereira na unidade prisional feminina e foi encaminhada para a função administrativa da unidade. “Eles acharam melhor que eu ficasse dentro de uma sala e não tivesse tanto contato com as reeducandas. Até o dia de voltar da licença eu já tinha me acostumado com o lenço e lembro que fiz um nó bem bonito para combinar com o uniforme”, lembra.
No entanto, o que ela não imaginava é que as colegas de trabalho tinham se organizado para fazer uma recepção de boas-vindas das mais calorosas. Segundo a diretora da unidade, os 115 funcionários mudaram a rotina e receberam Olga com lenços coloridos na cabeça. “Os homens e as mulheres se organizaram para que ela fosse recepcionada da forma mais amorosa possível. Além disso, criamos a campanha “Vista este Lenço”, uma ação de conscientização e prevenção do câncer de mama para os funcionários”, ressalta Dayse Papassoni.
Ainda conforme a diretora, a ação ultrapassou os portões e também chegou às celas das 1,4 mil reeducandas. “Apesar de elas terem perdido o contato com a Olga, elas perceberam que todas nós estávamos com o lenço na cabeça e perguntaram o porquê. Quando dissemos elas perguntaram como se fazia o autoexame. Por isso a mensagem é tão importante”, comenta Dayse.
Além da recepção em Pirajuí, a campanha também contou com o apoio da Secretaria Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP), que divulgou nota de apoio à ação da unidade prisional do interior. Segundo Olga, depois da divulgação do órgão, penitenciárias femininas de todo o Brasil passaram e tirar fotos com o lenço e enviaram pelas redes sociais. “Já recebi fotos de funcionários homens e mulheres que trabalham nas prisões de Riolândia, Ribeirão Preto, Reginópolis, Balbinos, Avanhandava, São José do Rio Preto, Tremembé e também em outras unidades da polícia”, comenta Olga.
Um nó na cidade
Nas sextas-feiras, quem visitar Pirajuí, município do Centro-Oeste Paulista com pouco mais de 20 mil habitantes, poderá se confundir com uma cidade islâmica. Isto porque as mulheres, homens e até crianças resolveram adotar o lenço na cabeça como forma de se solidarizar com a doença de Olga que está em tratamento do câncer desde março.
Nas sextas-feiras, quem visitar Pirajuí, município do Centro-Oeste Paulista com pouco mais de 20 mil habitantes, poderá se confundir com uma cidade islâmica. Isto porque as mulheres, homens e até crianças resolveram adotar o lenço na cabeça como forma de se solidarizar com a doença de Olga que está em tratamento do câncer desde março.
Na última sexta-feira (31), cerca de 35 funcionárias da unidade de saúde onde Olga pega seus remédios em Pirajuí deixaram seus uniformes brancos mais coloridos. Recepcionistas, enfermeiras e até o recém-chegado médico cubano cobriram a cabeça. Além deles, servidores da prefeitura e trabalhadores do comércio também se juntaram à corrente.
“A cada dez minutos, uma mulher descobre que tem câncer de mama no Brasil. Este é o segundo tipo de câncer que mais mata no mundo. E o lenço na cabeça não é só uma forma de apoiar Olga no tratamento, é também um alerta para o autoexame e o diagnóstico precoce para pelo menos 200 mulheres que passam pela unidade de saúde todos os dias”, explica a enfermeira Mariana Virgílio.
Segundo Olga, a ideia é que o lenço não seja apenas um adorno para cobrir a cabeça, e sim um símbolo de conscientização. “O lenço é um acessório que passa uma mensagem. Para isso, pedi para várias penitenciárias e postos de saúde coloquem caixas de coleta. Os lenços doados serão enviados para o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, para pessoas que, como eu, precisam de um “up” na autoestima”, finaliza a agente.
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