Embora tido como símbolo da Páscoa cristã (representando Cristo, que é o filho e "Cordeiro de Deus", sacrificado em prol de todo o rebanho, a humanidade), o cordeiro já era muito importante na Páscoa judaica e em vários cultos da Antiguidade, em que era freqüente o sacrifício de animais aos deuses.
A Páscoa para os cristãos é a festa que comemora a ressurreição de Jesus Cristo. Para os judeus, os descendentes dos hebreus, a Páscoa (pessach) é a festa que comemora há mais de 3.000 anos a saída dos hebreus do Egito, onde eram escravos. Embora sejam acontecimentos diferentes, tanto a Páscoa cristã como a judaica tem o mesmo sentido: a libertação.
Nesta comemoração judaica, Moisés conduziu seu povo pelo Mar Vermelho e deserto do Sinai, e ficou para sempre como um marco na história do povo hebreu. Antes de partir, cada família deveria preparar a última refeição para a longa viagem que fariam pelo deserto. A refeição incluía um cordeiro assado, pães ázimos (sem fermento, para lembrar que saíram com pressa do Egito) e ervas amargas (para lembrar do sofrimento do povo no deserto, rumo à Terra Prometida).
Todas as casas deveriam passar o sangue do cordeiro nos umbrais das portas, como sinal da submissão a Deus e também para preservar a vida. Esta Páscoa, para os hebreus, representou um tempo de esperança e libertação, a passagem pelo deserto para chegar a um lugar preparado por Deus, muito melhor de se viver. Nos anos seguintes, continuou sendo lembrada com um ritual especial.
Todo ano, na noite de lua cheia de primavera no Hemisfério Norte (entre 22 de março e 24 de abril, outono para nós no Hemisfério Sul), os hebreus passaram então a celebrar a Páscoa, com o sacrifício de cordeiro e o uso dos pães ázimos, conforme a ordem recebida por Moisés.
Já na Páscoa cristã, Jesus ofereceu seu corpo e sangue assumindo metaforicamente o duplo sentido da Páscoa judaica: sentido de libertação e de aliança. No Novo Testamento, Cristo é o Cordeiro de Deus, sacrificado em prol da salvação de toda a humanidade. É a nova Aliança de Deus realizada por Seu Filho, agora não só com um povo, mas com todos os povos.
As tradições nas comemorações de Páscoa variam de país para país, porém sempre lembram de uma forma mística a vida e a libertação. Os símbolos mais conhecidos acabaram por ser a união de arquétipos mais fortes de algumas culturas: os ovos (que representam o nascimento), o chocolate (considerado sagrado pelos maias e astecas), o coelho (símbolo máximo da vida, fertilidade inesgotável) e o cordeiro.