GOVERNADOR VALADARES – Um detento da cadeia pública de Governador Valadares, no Leste de Minas, que havia recebido o benefício da saída temporária, foi preso em flagrante com 32 cápsulas de maconha no estômago. O rapaz de 31 anos, e que não teve a identidade revelada, cumpria pena por roubo e homicídio. O esquema de venda de drogas dentro do presídio foi desmantelado por meio de uma denúncia anônima. Cada cápsula seria revendida por R$ 50 aos presos.
A prisão aconteceu num bar que fica em um bairro próximo à cadeia e pertencia a familiares do detento. Quando os agentes da Polícia Federal (PF) entraram no local, outras quatro pessoas estavam ao redor de uma mesa acompanhando a ingestão da droga pelo presidiário. “Ainda restavam mais oito cápsulas para serem ingeridas. Queriam assim levar para dentro do presídio um total de 40 cápsulas. Quando a polícia chegou ao estabelecimento, os envolvidos tentaram esconder o restante da droga atrás de uma televisão”, contou o delegado Cristiano Campidelli.
Além do detento, que com o flagrante deve perder o benefício das saídas temporárias, outras quatro pessoas, sendo três mulheres foram presas em flagrante. Todos são velhos conhecidos da polícia por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas na cidade. Para não atrapalhar as investigações, os agentes federais não revelaram as áreas de atuação do grupo nem os nomes dos envolvidos.
O detento foi levado para o Hospital Municipal (HM) de Governador Valadares, onde passou por exames de raio X. O caso inédito na região chamou a atenção da polícia, que deve agora investigar o esquema de fornecimento de drogas na cadeia envolvendo outros presos.
“A mesma fonte que informou sobre essa prática disse ainda que mais detentos estariam aproveitando o benefício da liberdade temporária para cometer o mesmo crime”, afirma Campidelli.
Além da droga, os policiais apreenderam no bar cerca de R$ 1.200 e diversos sacos plásticos do mesmo tipo dos que são utilizados para embalar entorpecente. “Nesse caso, a única droga apreendida foi maconha, mas temos informações de que outros tipos de ilícitos teriam entrado no presídio, escondidos no aparelho digestivo de presos. Na verdade, essa é uma operação de alto risco para o detendo, porque se uma cápsula se romper pode provocar a morte dele”, observa o delegado federal.
Todos os detidos na operação foram autuados por tráfico de drogas, com penas que podem variar de 5 a 15 anos de reclusão. O detento, que estava sob escolta da polícia no HM, teve alta no início da tarde desta quarta-feira (26), após expelir as cápsulas, e retornou para a cadeia.
“Uma das presas é mãe do presidiário e já foi detida anteriormente por envolvimento com o tráfico de drogas”, diz o delegado Cristiano Campidelli. “Já solicitamos que a direção da cadeia aumente o rigor na fiscalização para impedir a entrada de entorpecentes na unidade prisional”, afirma o agente.
Daniel Antunes - Do Hoje em Dia