EM ALERTA
PM retoma treino para motins
Superlotação e risco de rebeliões exigem preparação especial para ações em unidades prisionais
PUBLICADO EM 22/07/15 - 03h00
Diante do quadro de superlotação dos presídios mineiros e do ressurgimento de sucessivos motins no primeiro semestre deste ano, 230 militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) iniciaram nesta semana um treinamento específico para o combate às rebeliões no Estado. Divididos em turmas de 45 alunos, eles serão capacitados na teoria e na prática para agir em casos de rebeliões em unidades prisionais.
Especialista ouvido pela reportagem entende que a medida é necessária diante da atual situação de tensão vivida nos presídios em Minas. Há pelo menos três anos, a PM não realizava esse tipo de iniciativa, já que, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), todos os agentes penitenciários são preparados e treinados para intervir em qualquer situação de anormalidade.
Nesta terça, durante cerca de uma hora e meia, a reportagem de O TEMPOacompanhou parte de um desses treinamentos que serão realizados diariamente até o dia 18 de setembro. Em uma quadra de futebol do Batalhão de Choque, uma das turmas de policiais fez a simulação de uma rebelião. “A ideia é mostrar como o policial deve se portar em horas como essas, para que a ordem seja retomada. São técnicas e táticas para cada situação”, explicou o tenente Carlos Mazala, um dos instrutores do curso, mas sem dar muitos detalhes do processo.
De acordo com o policial, os treinamentos são embasados por experiências da PM em ações em Minas e em outros Estados, como as utilizadas durante a crise de rebeliões em penitenciárias do Maranhão, no ano passado. “Temos instrutores que participaram dessas ações no Nordeste e vão nos auxiliar nesse trabalho”, disse o tenente. Mazala explicou que, como parte do treinamento, os policiais do choque também participarão de simulações dentro de dois presídios do Estado. “Provavelmente esse número será aumentado até o fim do curso”, adiantou.
Análise. Para o presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adilson Rocha, o treinamento da PM mostra que o Estado está em alerta.
“Com a situação de superlotação, esses motins são uma realidade, e, para isso, é preciso um grupo policial treinado. Em situação de crise, eles evitam mortes, enquanto a intervenção de um PM despreparado provoca mortes”, afirma.
Veja o vídeo com o treinamento
Segurança
Interna. A Seds informou que, além dos agentes penitenciários, as unidades prisionais contam com o Grupo de Intervenção Rápida e com o Comando de Operações Especiais (Cope) para agir.
Relembre
Rio Doce. Em junho deste ano, detentos da Cadeia Pública de Governador Valadares realizaram um motim, que resultou na morte de dois presos e deixou outros cinco feridos.
Divinópolis. Em março passado, após suspensão de visitas no presídio Floramar, em Divinópolis, na região Central, houve o início de um motim. A confusão durou cerca de três horas.
Rio Doce. Em junho deste ano, detentos da Cadeia Pública de Governador Valadares realizaram um motim, que resultou na morte de dois presos e deixou outros cinco feridos.
Divinópolis. Em março passado, após suspensão de visitas no presídio Floramar, em Divinópolis, na região Central, houve o início de um motim. A confusão durou cerca de três horas.