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10/06/2015 06:31 - Atualizado em 10/06/2015 06:31
Assembleia exige explicações sobre 'máfia das tornozeleiras'
Luiz Costa/Hoje em Dia
Ninguém no Estado se posicionou sobre o assunto, mas Cabo Júlio quer ouvir servidores
A Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou nesta terça-feira (9) requerimento convocando o diretor-geral da Unidade Gestora de Monitoramento Eletrônica (UGME), Wadson Timo Abreu, e o diretor-adjunto do mesmo órgão, Santi Clair Sanches, para prestar esclarecimentos sobre a “Máfia das Tornozeleiras”.
Conforme denúncia noticiada na semana passada com exclusividade pelo Hoje em Dia, servidores do órgão e da empresa que fornece os equipamentos, Spacecom, estariam envolvidos num esquema de extravio de lacres de tornozeleiras eletrônicas para venda no “mercado negro”. De posse desses lacres, os detentos poderiam burlar o sistema.
A audiência para ouvir os dirigentes foi marcada para o dia 25 deste mês, às 14h30. O requerimento foi apresentado pelo deputado Cabo Júlio (PMDB). Segundo o parlamentar, representantes da Spacecom não foram listados porque a Assembleia não tem poder para convocar empresa privada.
O subsecretário de Administração Prisional, Antônio de Padova Marchi Júnior, também foi chamado a participar da audiência, mas como convidado. A UGME é vinculada à Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), que, por sua vez, é subordinada à Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
De acordo com o deputado, os dirigentes devem esclarecer o “sumiço” de cerca de 450 lacres apenas no mês de maio. “A gente espera descobrir por que não foi feito inquérito policial, já que o fato é grave. Ou seja, houve conivência de quem e por quê?”. O parlamentar espera que o sistema seja remodelado.
Dinheiro sujo
Conforme relato de um servidor da segurança pública a que o Hoje em Dia teve acesso, cada lacre extra custaria de R$ 500 a R$ 5 mil, dependendo do poder aquisitivo do “cliente”.
Nesta terça-feira (9), a assessoria de imprensa da Seds informou que o secretário Bernardo Santana não recebeu nenhuma denúncia sobre o tema. A primeira reportagem sobre o esquema foi publicada há cinco dias, na quinta-feira.
O presidente da Spacecom, Savio Bloomfield, afirmou que os lacres são entregues à Seds e ficam de posse do órgão. “O funcionário da empresa é apenas suporte técnico e ele fica na central de monitoramento sem nenhum contato com o preso”, reforçou.
Segundo ele, não é possível burlar o sistema apenas violando o lacre mecânico. “Para retirar o equipamento, é necessário quebrar o lacre e assim remover a cinta de fixação. Quando se retira a cinta, a tornozeleira, através da fibra óptica, detecta e registra o evento no sistema automaticamente. Esse alarme fica registrado no sistema e ninguém consegue apagá-lo”, explica.