Andrew Testa/The New York Times
Águia da empresa Guard From Above agarra um drone no ar, em Katwij (Holanda), onde aves como esta são treinadas para interceptar pequenos veículos aéreos não tripulados
Com suas asas batendo contra a brisa, a águia se move graciosamente pelo céu nublado, com as garras estendidas, sua presa logo abaixo. O alvo, entretanto, não é outra ave, mas um pequeno drone; e quando a águia entra em contato, há um som metálico abafado. De posse do aparelho, a ave de rapina retorna ao solo.
Em um campo de aviação militar desativado na Holanda, aves de caça como a águia estão sendo treinadas para usarem seus instintos no combate a ameaças de segurança provocadas pela proliferação de drones.
As aves de rapina aprendem a interceptar pequenos drones (veículos aéreos não tripulados) vendidos em lojas, do tipo que pode oferecer risco para aeronaves, despejar contrabando em presídios, realizar vigilância ou sobrevoar perigosamente eventos públicos.
A ideia de terroristas usarem drones assombra as autoridades de segurança na Europa e em outros lugares do mundo, e entre aqueles que assistiram à demonstração na Base Aérea Naval de Valkenburf neste mês estava Mark Wiebes, um detetive superintendente da polícia holandesa.
Wiebes descreveu os testes como "muito promissores" e disse que, dependendo da avaliação final, aves de rapina provavelmente serão empregadas em breve na Holanda, juntamente com outras medidas para combater drones. A Polícia Metropolitana de Londres também está considerando o uso de aves treinadas para combater drones.
Os holandeses experimentaram outros métodos, como interferência nos sinais dos drones, captura de drones com redes disparadas por drones de defesa ou abatê-los com disparos de chumbo grosso.
As aves de rapina têm a vantagem de serem capazes de trazer os drones em segurança para o solo, em vez de provocar sua queda, o que poderia oferecer riscos para as pessoas abaixo.
"Já vimos vários incidentes ao redor de campos de aviação e, no final, queremos estar preparados caso alguém queira usar um drone para algum tipo de ataque", disse Wiebes.
Este encontro de habilidades biológicas e ciência de ponta não deveria causar surpresa, acrescentou Wiebes. Ele disse que a tecnologia pode evoluir a partir da natureza, "uma bancada de milhares de gerações na qual soluções são encontradas para problemas".
O homem que criou o projeto, Sjoerd Hoogendoorn, um consultor de segurança, colocou de forma mais colorida: "Em geral, as ideias mais malucas são as que funcionam melhor."
Hoogendoorn teve a ideia para o programa em casa, enquanto pesquisava sobre ameaças por drones. Por meio de um amigo comum, ele contatou Ben de Keijzer, um treinador de aves com 25 anos de experiência.
Após testes iniciais, os dois homens abriram uma empresa com sede em Haia chamada Guard From Above (vigilância do alto, em tradução livre) e entraram em contato com a polícia holandesa no final de 2014. O maior apelo às autoridades foi a chance de usar uma "solução de baixa tecnologia para um problema de alta tecnologia", disse Hoogendoorn, acrescentando que drones "podem ser usados para coisas muito positivas, mas também para coisas ruins".