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Ceresp de Ipatinga em alerta total
Por Asp Malta|Sistema Prisional-MG
Agentes penitenciários alertam: Ceresp de Ipatinga pode ‘virar’ a qualquer momento. Segundo informações divulgadas pelo Portal PLOX, vários servidores denunciaram irregularidades.
IPATINGA-MG – A reportagem foi procurada por uma pessoa que trabalha como agente penitenciário no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Ipatinga. Segundo essa pessoa, em entrevista, existe uma “quadrilha” atuando dentro do presídio.
Atualmente, a direção do CERESP de Ipatinga é ocupada por Alexandre Rabelo Ferreira como diretor-geral, Luiz Gabriel Souza Neto como diretor de segurança e Aguimar Ferreira de Souza como assessor de inteligência.
Os agentes penitenciários já fizeram algumas denúncias ao Ministério Público. As informações foram confirmadas pelo promotor de Justiça Bruno Giardini. Em conversa, o promotor afirmou que as informações chegaram até o Ministério Público e que “já foi instaurado um procedimento e as investigações estão em andamento”.
Denúncia
De acordo com a denúncia, os agentes que trabalham na unidade estão sob pressão dos presos e também da diretoria. “São corruptos, trabalham de forma errada. Os agentes que trabalham corretamente são perseguidos, assediados moralmente, como aconteceu com três colegas há algumas semanas”, afirma a pessoa que fez a denúncia.
Ainda segundo essa fonte, “os presos ‘bateram grade’ no interior da carceragem, e o diretor-geral ordenou, de maneira equivocada, que os agentes retirassem o líder de cada uma das 22 celas. Eles foram conduzidos para a lavanderia, que fica na parte externa da unidade, ao lado da carceragem, onde haveria reivindicações dos mesmos, por conta da grande quantidade de apreensões ocorridas nos finais de semana, durante o procedimento de revista para entrada da visita social na unidade”, conta.
O relato continua. “Após isso, o diretor de segurança, a mando do diretor-geral, se utilizando do rádio, convocou as agentes femininas, sem que as mesmas soubessem que ali haviam 22 presos perigosos”, conta.
Ainda de acordo com o depoimento, no momento em que as agentes chegaram ao local de reunião, estavam o diretor-geral, acompanhado de todos os agentes do Grupo de Intervenção de Plantão, devidamente armados e com suas identidades preservadas por balaclavas (conhecidas como “touca ninja”). “As servidoras foram covardemente expostas aos detentos sem que houvesse nenhuma necessidade”, afirmou, mencionando que isso colocou essas agentes sob sério risco.
A pessoa que fez a denúncia disse que o intuito dos diretores com essa ação foi de se “isentarem da responsabilidade das revistas de finais de semana, e jogar a responsabilidade sobre os ombros das agentes femininas, que foram covardemente colocadas frente-à-frente com os detentos de alta periculosidade, indignados com as apreensões de drogas e aparelhos celulares”.
A denúncia feita ao PLOX acusa o diretor-geral do CERESP Alexandre Rabelo de “vender” visitas íntimas para os presos. “Todo mundo sabe que ele recebe para que presos tenham várias visitas durante o mês”, disse.
A denúncia pede uma investigação dentro da unidade prisional, afirmando que lá acontecem todas essas situações. “Me cabe informar. Investigar eu deixo para a Corregedoria, que não tem sido eficaz ali no CERESP”, afirma um trecho da denúncia.
Tráfico de drogas
De acordo com o relato, vários presos possuem regalias dentro da unidade. Uma delas, é o acesso às drogas. “Ali o tráfico é frenético a noite toda. Isso, quando não vem de fora. São meliantes que ficam ao redor do CERESP que, através de uma corda, lançam drogas para dentro da unidade. Vários já foram presos, mas a diretoria não faz nada”, acusa.
Agentes
A pessoa que denunciou afirma que existem dois grupos de agentes penitenciários dentro da unidade: um é formado pelos que defendem as ações da atual diretoria e o outro, de agentes que, segundo as denúncias, fazem um “bom trabalho” na instituição.
Um dos fatos mencionados ocorreu no dia 13 de junho, e se quer foi investigado. “Um agente, que faz parte desse seleto grupo de AMIGOS da direção, atualmente lotado no Presídio de Açucena (dirigido pelos mesmos diretores do CERESP), sem dar qualquer explicação plausível, simplesmente desapareceu com a viatura oficial da unidade que funciona de forma anexa ao CERESP Ipatinga, de onde partiu, no sentido ao Presídio de Açucena, por volta das 15 horas.”
Na denúncia, por volta das 21h ainda não tinha retornado, sendo que o trajeto entre as unidades seria de no máximo uma hora. O plantão noturno chegou a se preparar para uma possível ação de resgate de emergência, porém, conseguiram contato com o agente. “Ele informou que estava na casa de familiares. Ou seja, o mesmo desfila nas ruas utilizando bens e patrimônio público, custeados pelo cidadão que paga seus impostos”, afirma a denúncia.
Segundo a denúncia, esse anúncio foi pregado nas paredes do CERESP.
Horário de trabalho
Nossa reportagem foi informada que não há um banco de horas para os agentes penitenciários. “É normal por aqui nós fazermos horas-extras obrigados, sem direito a compensar essas horas. Outro absurdo é que nos dias de folga, nós somos escalados por telefone. Os que não são localizados recebem falta, que posteriormente são descontadas nos vencimentos. Não existe um banco de horas como em outros presídios”, contou.
Agente assassinada em Uberaba
No dia 31 de julho, uma agente penitenciária foi executada em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Segundo informações da PM, Vivian Cristina de Medeiros, de 37 anos, estava de motocicleta, quando foi interceptada num cruzamento na chegada do presídio. Ela levou um tiro de .45 na cabeça, além e outros tiros pelo corpo. “Esse crime pode acontecer a qualquer momento em Ipatinga, pela falta de atitude dos diretores do Ceresp”, conclui a denúncia.
Confirmação
Outros agentes penitenciários confirmam as denúncias. Segundo estes agentes, há um risco iminente de que ocorra em Ipatinga o mesmo que ocorreu em Governador Valadares. “Vários presos já disseram para a gente que a cadeia não virou ainda porque tem cigarro, droga e celular liberado”, contaram.
Segundo as denúncias, existem 22 celas internas no Ceresp de Ipatinga, todas com aparelhos de televisão. “Há uma regra nas unidades prisionais que afirma que após as 22h, entra em vigor a conhecida “lei do silêncio”, disseram. Os denunciantes afirmam que no Ceresp de Ipatinga isso não acontece. “Preso aqui assiste até Cine Privê e ainda comentam. Se a gente desligar a TV sem pedir, é perigoso a cadeia virar”, contou.
Diretor-geral
A reportagem procurou o diretor-geral do CERESP de Ipatinga Alexandre Rabelo. Por telefone, ele afirmou que não grava entrevista sem autorização da SEDS (Secretaria de Estado de Defesa Social). Ele também disse que” todas as denúncias serão questionadas em juízo”.
Fonte: PLOX