terça-feira, 31 de março de 2015
COMISSÃO PEDE AFASTAMENTO DE DIRETOR DE PRESÍDIO DE PASSOS
Segurança Pública ouviu, na manhã desta terça-feira (31), denúncias e a defesa do próprio diretor da unidade prisional.
Devido à prática de improbidade administrativa e evidências de assédio moral, o pedido de afastamento do diretor-geral do presídio de Passos (Sul de Minas), José Vicente de Souza, até que as denúncias contra ele sejam apuradas, foi aprovado, nesta terça-feira (31/3/15), pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A reunião foi marcada pela divisão das opiniões dos agentes penitenciários. De um lado, aqueles que denunciaram perseguições e ameaças praticadas por José Vicente de Souza. Do outro, o próprio diretor defendendo-se das denúncias, com a presença de diversos agentes que ainda trabalham no local e vieram à audiência para apoiá-lo. O presídio de Passos tem hoje 280 presos, sob os cuidados de 46 agentes contratados e 17 efetivos.
Em virtude das denúncias recebidas, o Deputado CABO JÚLIO informou que a Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) enviou, nesta segunda-feira (30), dois interventores ao presídio para apurar o que está acontecendo no local. Destacou que o Governo quer isenção na apuração dos fatos. “Não queremos cavalo de batalha contra a direção do presídio. A direção do presídio, se porventura for trocada, terá perfil técnico”, informou o parlamentar, que lembrou que a Seds fará uma escolha criteriosa, para não haver disputa de grupos políticos internos.
Uma das denunciantes foi a agente penitenciária Andréia Marinho Alves. Ela afirmou que, logo que foi efetivada na unidade, em setembro de 2014, foi coagida a manusear armas, sem treinamento, o que não fez. Disse ainda que foi ameaçada pelo diretor José Vicente de que alguns agentes iriam torturá-la, colocar fogo na sua casa, entre outras. Andreia disse ainda que um preso foi visto na porta de sua casa e que ainda sofria ameaças de algumas presas por cumprir os procedimentos legais de revista. Andreia também destacou que está sendo acusada de conduta irregular, por meio de duas sindicâncias, e em sua defesa, trouxe vídeos de agentes dormindo no presídio. “Quem está na panelinha é beneficiado, e os que não se associam a isso são punidos”, afirmou.
Outro denunciante foi o agente penitenciário Marcelo César Conde Cassiano, que era diretor de segurança do presídio e foi afastado do cargo pelo atual diretor-geral. Segundo ele, por não compactuar com as ações ilícitas, ele e outros agentes concursados estão sendo perseguidos, com denúncias infundadas.
Também durante a reunião, o ex-agente do presídio durante 23 meses, Vanderlei Geraldo Leite, afirmou que sua casa foi incendiada e que ele era perseguido no presídio. Segundo o ex-agente, essa perseguição envolveu o trabalho, durante cinco meses seguidos, na guarita do presídio, em 12 horas diárias de trabalho. Depois disso, Vanderlei afirmou que foi demitido, sem sindicância ou mesmo sem ter conhecimento do motivo. Afirmou ainda que foi ameaçado por José Vicente em duas ocasiões fora do presídio, além de ter recebido mensagens constrangedoras em rede social.
Outro ex-agente que não sabe o motivo pelo qual foi mandado embora é Wesley Marcelino da Silva. De acordo com ele, a partir de novembro de 2014, foi perseguido e ameaçado sob a alegação de que ele estava falando mal do diretor do presídio, até ser demitido.
Diretor se defende das acusações
Desde 2011 à frente do presídio de Passos, José Vicente de Souza, rebateu as acusações recebidas e disse que nunca houve ameaças de sua parte. Disse que, a partir do momento em que demitiu Marcelo Conde do cargo de diretor de segurança, “esse transtorno começou”. O diretor do presídio assumiu que passou em frente à casa de Andreia para saber onde ela morava e que, na ocasião, estava fazendo escolta de um preso até a delegacia. Essa conduta foi questionada pelo Deputado CABO JÚLIO, já que essa postura não é comum a um diretor e configura uma ameaça a agente penitenciária.
O diretor-geral do presídio também confirmou que existia uma vaca no interior da unidade, que era sua, e que ficou lá para eliminar os matos do local. Ainda afirmou que sua esposa trabalha na empresa que entrega alimentos no presídio e que recebeu denúncias de fios de cabelo e baratas na alimentação e notificou a empresa.
Sobre denúncia de tortura feita por Andréia, Vicente disse que ela mentiu. Em relação às demissões de Vanderlei e Wesley, o diretor-geral do presídio disse que demitiu-os para dar posse aos efetivos. Negou que houve perseguição a esses agentes. Afirmou ainda que a escala de 12 horas na guarita é comum na unidade prisional.
Com Informações da ALMG