Minas investirá em aparelho para impedir uso de celular
Hoje, a fiscalização de objetos é feita por meio de aparelhos usados na revista de visitantes
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FOTO: RODRIGO CLEMENTE - 14.2.2006
Um bloqueador convencional de sinal de celular será instalado na Penitenciária Nelson Hungria
O governo de Minas quer coibir o uso de aparelhos celulares nos presídios do Estado e, para isso, vai adquirir, ainda neste semestre, um aparelho israelense que impede a utilização dos telefones pelos detentos. O sistema foi indicado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e é considerado uma das principais armas para silenciar as organizações criminosas dentro das prisões. De acordo com o órgão federal, o equipamento, intitulado GI-2, não bloqueia o sinal dos celulares, mas detecta os números dos aparelhos e chips que funcionam nas unidades. Para que as autoridades tomem as devidas providências, o GI-2 fornece um relatório com os números identificados e a localização precisa de cada telefone. O equipamento fica dentro de uma maleta e custa R$ 1,2 milhão, conforme o governo mineiro.
Alegando questões de segurança, tanto a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) quanto o Depen não divulgam detalhes do novo aparelho. Mas o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade, admite que o equipamento será móvel e, por isso, poderá ser utilizado em várias prisões. "O objetivo é poder atuar de várias maneiras na fiscalização. Hoje, nós já temos várias formas de bloqueio que impedem a entrada dos celulares e outros materiais, como drogas", afirma.
Atualmente, toda a fiscalização de objetos nas 130 unidades prisionais de Minas é feita por meio de equipamentos para revistar visitantes, entre eles o Body Scan, uma espécie de raio X, e detectores de metal. Somente no ano passado, 1.849 celulares foram apreendidos nas penitenciárias mineiras. Já o Depen garante que, nos últimos doze meses, 9.000 telefones foram identificados e recolhidos por meio do GI-2 em sete Estados.
Além do equipamento israelense, um bloqueador convencional de sinal de celular será instalado na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana da capital. Questionado sobre o motivo de o Estado ainda não utilizar bloqueadores e rastreadores de celulares nas prisões, Andrade citou a burocracia dos processos licitatórios. "Tivemos a questão do custo e os problemas em encontrar o aparelho que a gente queria".
Eficiência. Para ajudar a combater a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o GI-2 foi oferecido ao governo de São Paulo em 2012. Esse também seria o objetivo do aparelho em Minas, já que o grupo criminoso está presente em 23 Estados brasileiros e em outros dois países, segundo especialistas em segurança pública.
Para esses profissionais, a utilização de tecnologia no combate ao crime organizado é importante, mas esbarra na qualificação dos servidores que trabalham dentro das penitenciárias. "Existem várias formas de os presos conseguirem se comunicar com a parte de fora dos presídios. E muitas pesquisas mostram que a corrupção de agentes públicos é muito importante nesse processo", explica o sociólogo do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas Robson Sávio.
Para o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, é preciso investir mais em prevenção já que a corrupção prejudica até mesmo os procedimentos de revista. A tecnologia, nesse caso, ajuda a completar a segurança.
Alegando questões de segurança, tanto a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) quanto o Depen não divulgam detalhes do novo aparelho. Mas o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade, admite que o equipamento será móvel e, por isso, poderá ser utilizado em várias prisões. "O objetivo é poder atuar de várias maneiras na fiscalização. Hoje, nós já temos várias formas de bloqueio que impedem a entrada dos celulares e outros materiais, como drogas", afirma.
Atualmente, toda a fiscalização de objetos nas 130 unidades prisionais de Minas é feita por meio de equipamentos para revistar visitantes, entre eles o Body Scan, uma espécie de raio X, e detectores de metal. Somente no ano passado, 1.849 celulares foram apreendidos nas penitenciárias mineiras. Já o Depen garante que, nos últimos doze meses, 9.000 telefones foram identificados e recolhidos por meio do GI-2 em sete Estados.
Além do equipamento israelense, um bloqueador convencional de sinal de celular será instalado na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana da capital. Questionado sobre o motivo de o Estado ainda não utilizar bloqueadores e rastreadores de celulares nas prisões, Andrade citou a burocracia dos processos licitatórios. "Tivemos a questão do custo e os problemas em encontrar o aparelho que a gente queria".
Eficiência. Para ajudar a combater a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o GI-2 foi oferecido ao governo de São Paulo em 2012. Esse também seria o objetivo do aparelho em Minas, já que o grupo criminoso está presente em 23 Estados brasileiros e em outros dois países, segundo especialistas em segurança pública.
Para esses profissionais, a utilização de tecnologia no combate ao crime organizado é importante, mas esbarra na qualificação dos servidores que trabalham dentro das penitenciárias. "Existem várias formas de os presos conseguirem se comunicar com a parte de fora dos presídios. E muitas pesquisas mostram que a corrupção de agentes públicos é muito importante nesse processo", explica o sociólogo do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas Robson Sávio.
Para o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, é preciso investir mais em prevenção já que a corrupção prejudica até mesmo os procedimentos de revista. A tecnologia, nesse caso, ajuda a completar a segurança.
Saiba mais
ALTERNATIVAS
Combate a telefone poderia ser mais simples e barato
Para engenheiros de telecomunicações, área responsável por estudar todas as tecnologias relativas aos celulares, existem maneiras mais eficientes de combater o uso dos telefones nas penitenciárias. De acordo com o presidente da Associação dos Engenheiros de Telecomunicações (AET), Rui Bottesi, a prática mais simples, e que deveria ser adotada pelos governos, é a proibição das Estações Rádio Base (ERBs) no entorno das prisões. As ERBs são as torres que transmitem o sinal dos aparelhos.
"Os bloqueadores não são tão eficientes como se fala, porque as frequências de sinal mudam, como agora, que vai entrar em funcionamento o sinal 4G. Achamos que investir nesses aparelhos é jogar dinheiro fora", afirma.
Opção. O professor do departamento de engenharia eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Hani Yehia explica que uma alternativa mais barata seria a chamada Gaiola de Faraday, um revestimento metálico que impede que o sinal se propague. "Instalar em um presídio novo é perfeitamente viável, e a tela pode estar dentro do muro de proteção", diz. (JHC)
"Os bloqueadores não são tão eficientes como se fala, porque as frequências de sinal mudam, como agora, que vai entrar em funcionamento o sinal 4G. Achamos que investir nesses aparelhos é jogar dinheiro fora", afirma.
Opção. O professor do departamento de engenharia eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Hani Yehia explica que uma alternativa mais barata seria a chamada Gaiola de Faraday, um revestimento metálico que impede que o sinal se propague. "Instalar em um presídio novo é perfeitamente viável, e a tela pode estar dentro do muro de proteção", diz. (JHC)