quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

 “Unidos jamais seremos vencidos”, gritam presos do PCC em Cruzeiro do Oeste






Cruzeiro do Oeste – Agentes estão temerosos com as atividades de presos da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO). A indisciplina conta até com “grito de guerra” para intimidar os funcionários, segundo denúncia feita à reportagem do Ilustrado.
A rebeldia começou durante a proclamação do “Salve Geral” ocorrido há algumas semanas em todas as penitenciárias e cadeias públicas do Estado. Desde então os detentos se negaram a sair para atendimentos médicos e passaram a tratar os agentes de forma hostil. Além disso, durante todas as noites, havia gritos de “todos por um”, “unidos jamais seremos vencidos”, “paz, justiça e liberdade”, entre outros.
As informações do “Salve Geral”, de acordo com os agentes que não serão identificados por questões de segurança, chegam por meio dos visitantes, que vão à PECO semanalmente. E embora a direção da unidade afirme que “nenhum preso se identifica como membro do PCC para não entrar em regime diferenciado” os agentes dizem que durante o Salve Geral os outros detentos chegavam a pedir autorização para os integrantes da facção criminosa para sair das celas.
A situação, contudo, está normalizada há uma semana, de acordo com a direção da unidade. “Esta não foi uma situação apenas da unidade, aconteceu em todo Paraná, mas desde segunda-feira as atividades já voltaram ao normal”, explica o diretor da PECO, Edgar Banhos. Em contrapartida os agentes alegam que não há segurança para trabalhar no local, que está interditado parcialmente após denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR) por violação dos direitos humanos.
A situação dos agentes, porém, segue tensa porque por um lado os que cumpriram as orientações legais como transportar detentos algemados, por exemplo, o fizeram por medo dos criminosos e de perder o emprego, e os que aceitaram a imposição dos detentos sob orientação do PCC correm risco de ser atacados. Segundo o diretor do Departamento de Execuções Penais (DEPEN), ligado à Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU), a situação tensa pela qual passa a PECO era desconhecida. “Eu assumi no último dia 18 e até agora não fui comunicado pela direção da unidade sobre esses problemas. Mas vamos levantar as informações e tomar as medidas precisas”, declarou Cezinando Paredes.
Outra reivindicação dos denunciantes é quanto à estrutura da unidade, que, desde a inauguração vem apresentando problemas, além do esgoto que desemboca no fundo de uma propriedade rural particular, há refletores queimados há meses, que dificultam o trabalho dos homens que fazem a segurança noturna. “Sabemos desses problemas estruturais e já estamos providenciando as melhorias”, diz Paredes.
Enquanto a situação não é resolvida os agentes trabalham sob pressão e medo, conforme o trecho da carta entregue à redação deste impresso a “facção criminosa PCC está dominando a PECO de Cruzeiro do Oeste”. Dentro de alguns dias, afirma a direção do DEPEN, haverá uma visita à unidade para avaliar a denúncia.
As atividades do PCC na região têm ligação com o contrabando, conforme informou a este impresso em entrevista no ano passado o procurador federal da República Robson Martins. Ainda assim as autoridades de segurança pública não admitem que haja este tipo de ocorrência na região.

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