quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Peças tricotadas por detentos mineiros ganham passarelas da SP Fashion Week

Dezoito presos atuam no projeto Flor de Lótus, em parceria com a marca Doisélles
Márcia Costanti, do R7
Estilista conta que presos aprenderam técnica com facilidadeDivulgação
Detentos se dividem em duas turmas para trabalhar no projetoDivulgação/Seds
A 38ª edição do SPFW (São Paulo Fashion Week), que começou na última segunda-feira (3) representa um marco na vida de 18 detentos do presídio Ariosvaldo Campos Pires, de Juiz de Fora, na Zona da Mata. Foram eles que confeccionaram 14 peças de tricô e crochê que serão apresentadas durante o desfile da coleção de inverno 2015 da marca Iódice, nesta quarta-feira (5), no Parque Villa Lobos, em São Paulo.
O trabalho é resultado do projeto Flor de Lótus, em parceria com a marca mineira Doisélles, da estilista Raquel Guimarães, que comemora a evolução dos participantes.
— É maravilhoso o retorno. A sociedade é quem mais ganha, porque vai ter um preso ressocializado. Sem dúvida esse é o maior impacto que o projeto tem, porque o que ressocializa não é a cadeia, não é ser privado do convívio social, é aprender a trabalhar.
Longe das passarelas, as roupas foram produzidas em um ateliê montado dentro da unidade prisional. Divididos em duas turmas, os presidiários fazem casacos, vestidos e ponchos em tricô, crochê e macramê, utilizando fios elaborados a partir de garrafas PET. Além de bom comportamento e estar estudando, o preso precisa provar que possui habilidades manuais para entrar para o projeto. A estilista conta, no entanto, que o desempenho dos detentos foi surpreendente.
— Você pode chegar lá e ensiná-los a fazer qualquer coisa que eles vão aprender, a necessidade faz a ocasião.
A parceria entre a penitenciária e a Doisélles já existe há cinco anos. Além da semana de moda, a produção dos detentos ganhou o mundo e, atualmente, as peças são expostadas para 11 países, além de serem vendidas em Paris, Tóquio e 70 lojas multimarcas pelo Brasil. Raquell explica que foi motivada pela vontade de ajudar a oferecer uma oportunidade de trabalho e distração para os detentos.
—Eu sempre achei que a violência está ligada a aspectos muito mais próximos da gente do que podemos imaginar. Nós temos responsabilidade diante disso. Uma pessoa que está reclusa do convívio social precisa ocupar o tempo dela.
Conforme a Seds (Secretaria de Estado de Defesa Social), está sendo avaliada ainda a abertura de uma nova turma, por meio de parceria, em um presídio de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
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