sexta-feira, 7 de junho de 2013

Agente que impediu fuga de preso em hospital sofre atentado em Cariacica

Vítima foi recebida a tiros por um motoqueiro quando chegava em casa no bairro Campo Grande

RUHANY MAIA
Foto: Ilma Chrizostomo | Internauta
Ilma Chrizostomo | Internauta
Agente impediu a fuga de presidiário na última quarta-feira no Hospital das Clínicas
Um agente penitenciário de 26 anos sofreu um atentado na porta da casa onde mora, na noite de terça-feira (04), no bairro Campo Grande, em Cariacica.

O crime aconteceu oito dias depois que o agente baleou o presidiário Hudson Pires Pereira, 24, com um tiro na perna, quando o detento tentava fugir do Hospital das Clínicas, em Vitória.

Hudson aguardava o atendimento médico na área externa do laboratório de análises clínicas do hospital quando, mesmo algemado, tentou fugir correndo. Ao perceber a tentativa de fuga, o agente, que escoltava o preso, exigiu que Hudson parasse. Como o detento não obedeceu, o agente acabou atirando e ferindo Hudson, não conseguiu fugir.

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Tiros foram dados por um motoqueiro

Segundo um amigo do agente, 29, que preferiu não se identificar, o atentado ocorreu por volta das 23h30. A vítima tinha acabado de sair de uma lanchonete e chegava em casa de carro quando, ao sair do veículo para abrir o portão da garagem, viu na rua um homem tirando uma arma da cintura.

“Ele contou que teve que sair do carro porque o portão da garagem está com defeito. Ao descer, viu um homem em uma moto preta, usando capacete, sacar uma arma. Como ficou com medo de ser baleado, meu amigo abriu o portão e correu para dentro de casa para se esconder. Logo depois ouviu os tiros”, contou.

Foto: Reprodução/TV Gazeta
 Reprodução/TV Gazeta
Portão da casa do agente penitenciário foi atingido por tiros
O agente revelou para o amigo que o atirador efetuou quatro disparos em direção à casa e, em seguida, fugiu. Os tiros, que atingiram o portão da garagem da residência, partiram de uma pistola calibre 380. Foram encontradas no local cápsulas de mesmo calibre.

O agente e o amigo acreditam que o atentado tenha relação com o tiro que a vítima disparou em Hudson, porque, na última segunda-feira (03), o agente foi avisado por uma enfermeira do Presídio de Segurança Máxima I, em Viana, onde trabalha, que o detento - que está preso no mesmo local, por prática de homicídio - teria afirmado que iria mandar matá-lo e que sabia onde ele morava.

Segundo o amigo, o agente registrou um boletim de ocorrência no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Cariacica, denunciando a ameaça e, após o atentado, registrou outra ocorrência, informando que um homem tinha atingido o portão da casa onde mora com tiros.
O caso será apurado pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). 

"Agente não procurou a Sejus, ficamos sabendo pela imprensa", diz secretário 

O agente penitenciário foi afastado nesta quarta-feira (05) das funções, segundo informação da Sejus. A Secretaria garante que está oferecendo atendimento psicológico ao servidor. O secretário de Justiça, Sérgio Alves Pereira, afirmou que ficou sabendo do atentado pela imprensa e, até o momento, não foi procurado pelo agente ou tomou conhecimento do boletim de ocorrência registrado na segunda-feira (03), no DPJ de Cariacica.

“Com relação a esse fato, a Sejus está tomando conhecimento hoje (quarta-feira) e respondendo em decorrência das questões que a imprensa está apresentando. Se o agente fez boletim de ocorrência, ficou para ele e depois divulgou para vocês. Ele não levou esse fato a Secretaria de Justiça para que déssemos o apoio ou fizesse alguma diligência necessária para resguardar a segurança dele e da família, se for o caso”, explicou o secretário.

Agente penitenciário será transferido para outra unidade

O agente penitenciário será transferido da unidade presidiária em que cumpria expediente como forma de segurança. Outras medidas que possam ser tomadas pela Sejus dependem da conclusão do procedimento administrativo.

“Para a mesma unidade prisional ele não vai retornar, porque é necessário preservar a segurança dele e do preso. O procedimento administrativo dura 30 dias. Pode ser que ele fique afastado por esse prazo, ou menos. Quem faz a avaliação é o psicólogo que está analisando o comportamento dele e o corregedor que está conduzindo o procedimento administrativo. Durante esse período ele está sob proteção da Sejus”, afirmou Sérgio.

A Secretaria de Justiça não está descartando nenhuma linha de investigação. De acordo com o secretário, a apuração está partindo da estaca zero e vai analisar se houve repasse de informação sobre a rotina do agente para Hudson Pires Pereira, enquanto ele esteve internado no Hospital das Clínicas, ou mesmo dentro da penitenciária. Também vai levantar se realmente há relação entre a tentativa de fuga na quarta-feira passada, a conversa escutada pelo agente na segunda-feira e o atentando desta terça-feira.

“Nada é impossível. Principalmente na Grande Vitória, onde as pessoas e os lugares são de fácil identificação. Nós vamos apurar se as informações que a imprensa está transmitindo aconteceu, porque ele ainda não nos procurou para informar sobre tudo isso ou pedir proteção”, disse.

Secretário diz que tentativas de homicídio contra agentes são corriqueiras

O secretário explicou ainda que, nas penitenciárias de segurança máxima do Estado, os detentos recebem visitas, mas que são sempre monitoradas por agentes e passa por requisitos rigorosos de segurança.

“Eles só podem receber visitas de pessoas devidamente cadastradas e familiares de primeiro grau. Qualquer outra excepcionalidade só com autorização judicial, ou ordem expressa, escrita, fundamentada numa emergência por parte do diretor da unidade. Mesmo as visitas íntimas são supervisionadas. Antes de ir ao encontro do interno, o visitante é identificado, cadastrado, e conta com uma carteirinha que a identifica”, informou.

O secretário frisou, ainda, que ameaças e tentativas de homicídios são situações corriqueiras no dia a dia do profissional que trabalha na área de segurança. “A atividade os deixa continuamente na presença de pessoas envolvidas com tráfico e crimes. Esse tipo de fato, de ameaça, de postura por parte do detento, infelizmente vira rotina na vida de policiais civis, militares e federais”, diz.

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