segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


Minas investirá em aparelho para impedir uso de celular
Hoje, a fiscalização de objetos é feita por meio de aparelhos usados na revista de visitantes
Publicado no Jornal OTEMPO em 11/02/2013
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JOHNATAN CASTRO
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FOTO: RODRIGO CLEMENTE - 14.2.2006
Um bloqueador convencional de sinal de celular será instalado na Penitenciária Nelson Hungria
O governo de Minas quer coibir o uso de aparelhos celulares nos presídios do Estado e, para isso, vai adquirir, ainda neste semestre, um aparelho israelense que impede a utilização dos telefones pelos detentos. O sistema foi indicado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e é considerado uma das principais armas para silenciar as organizações criminosas dentro das prisões. De acordo com o órgão federal, o equipamento, intitulado GI-2, não bloqueia o sinal dos celulares, mas detecta os números dos aparelhos e chips que funcionam nas unidades. Para que as autoridades tomem as devidas providências, o GI-2 fornece um relatório com os números identificados e a localização precisa de cada telefone. O equipamento fica dentro de uma maleta e custa R$ 1,2 milhão, conforme o governo mineiro.

Alegando questões de segurança, tanto a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) quanto o Depen não divulgam detalhes do novo aparelho. Mas o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade, admite que o equipamento será móvel e, por isso, poderá ser utilizado em várias prisões. "O objetivo é poder atuar de várias maneiras na fiscalização. Hoje, nós já temos várias formas de bloqueio que impedem a entrada dos celulares e outros materiais, como drogas", afirma.

Atualmente, toda a fiscalização de objetos nas 130 unidades prisionais de Minas é feita por meio de equipamentos para revistar visitantes, entre eles o Body Scan, uma espécie de raio X, e detectores de metal. Somente no ano passado, 1.849 celulares foram apreendidos nas penitenciárias mineiras. Já o Depen garante que, nos últimos doze meses, 9.000 telefones foram identificados e recolhidos por meio do GI-2 em sete Estados.

Além do equipamento israelense, um bloqueador convencional de sinal de celular será instalado na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana da capital. Questionado sobre o motivo de o Estado ainda não utilizar bloqueadores e rastreadores de celulares nas prisões, Andrade citou a burocracia dos processos licitatórios. "Tivemos a questão do custo e os problemas em encontrar o aparelho que a gente queria".

Eficiência. Para ajudar a combater a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o GI-2 foi oferecido ao governo de São Paulo em 2012. Esse também seria o objetivo do aparelho em Minas, já que o grupo criminoso está presente em 23 Estados brasileiros e em outros dois países, segundo especialistas em segurança pública.

Para esses profissionais, a utilização de tecnologia no combate ao crime organizado é importante, mas esbarra na qualificação dos servidores que trabalham dentro das penitenciárias. "Existem várias formas de os presos conseguirem se comunicar com a parte de fora dos presídios. E muitas pesquisas mostram que a corrupção de agentes públicos é muito importante nesse processo", explica o sociólogo do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas Robson Sávio.

Para o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, é preciso investir mais em prevenção já que a corrupção prejudica até mesmo os procedimentos de revista. A tecnologia, nesse caso, ajuda a completar a segurança.
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ALTERNATIVAS
Combate a telefone poderia ser mais simples e barato
Para engenheiros de telecomunicações, área responsável por estudar todas as tecnologias relativas aos celulares, existem maneiras mais eficientes de combater o uso dos telefones nas penitenciárias. De acordo com o presidente da Associação dos Engenheiros de Telecomunicações (AET), Rui Bottesi, a prática mais simples, e que deveria ser adotada pelos governos, é a proibição das Estações Rádio Base (ERBs) no entorno das prisões. As ERBs são as torres que transmitem o sinal dos aparelhos.

"Os bloqueadores não são tão eficientes como se fala, porque as frequências de sinal mudam, como agora, que vai entrar em funcionamento o sinal 4G. Achamos que investir nesses aparelhos é jogar dinheiro fora", afirma.

Opção. O professor do departamento de engenharia eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Hani Yehia explica que uma alternativa mais barata seria a chamada Gaiola de Faraday, um revestimento metálico que impede que o sinal se propague. "Instalar em um presídio novo é perfeitamente viável, e a tela pode estar dentro do muro de proteção", diz. (JHC)

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