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Armas
Em 19 meses, 5.685 armas foram entregues à Campanha do Desarmamento

A sensação de insegurança, os índices de criminalidade, a facilidade de aquisição e as falhas na fiscalização. São muitas as explicações para um só fato: a quantidade de armas presentes nos lares mineiros. Enquanto saem de circulação no Estado, diariamente, uma média de 10 armas, outras 39 entram, legalmente. O saldo diário de 29 armas é resultado do confronto entre os dados da Campanha Nacional do Desarmamento e da Polícia Federal.

Minas Gerais figura na quinta colocação no ranking de armas entregues por Estado, com um total de 5.685 devoluções em 19 meses (entre maio de 2011 e novembro de 2012). Também em um prazo de 19 meses (entre janeiro de 2011 e julho de 2012) foram contabilizados 22.195 registros de armas no Estado, que ocupa a sexta colocação nacional no levantamento do Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal.


Números que revelam, segundo especialistas, o entendimento equivocado da população acerca do combate à violência. “A despeito das políticas públicas, a sociedade permanece se sentindo insegura e procura adquirir armas para se ‘proteger’. Mas a arma não protege de nada e ainda há que se considerar que 99% das pessoas que registram não têm condições de ter uma arma”, afirma o pesquisador Eduardo Cerqueira Batitucci, do Núcleo de Estudos em Segurança Pública da Fundação João Pinheiro.

À medida que as taxas de criminalidade aumentam, cresce também o desejo de aquisição de armas em parte da população. O que acaba criando uma via de mão dupla, já que ter mais armas significa também ter mais crimes.

“O impacto na criminalidade é evidente. Há estudos de diversos países que apontam que o porte aumenta o risco de vitimização pela própria arma de fogo. Quanto mais armas no mercado, maior a chance de ocorrer acidentes e crimes”, assegura Batitucci.

Fiscalização falha

A falta de fiscalização e controle, e a facilidade na aquisição do registro incentivam o mercado em expansão. “Quem são essas pessoas que ganharam porte e registraram armas? A necessidade é procedente? Sabemos que essa fiscalização não existe. Precisamos de ações mais contundentes, além de uma política pública de verdade”, avalia o especialista.

Falhas como essas beneficiam os bandidos que, em muitos casos, viram receptores finais das armas, cuja entrada aconteceu de forma legal, mas terminam no mercado paralelo que abastece a criminalidade.

Ações para apreensão serão intensificadas

Por causa da ameaça de municiar criminosos, a equação entre a entrada e a saída de armas diariamente em Minas é motivo de preocupação para as autoridades.

Apesar de contabilizar a apreensão de mais de 18 mil armas entre janeiro e novembro do ano passado, a Polícia Militar reconhece a importância de intensificar as ações.

“A gente percebe que ainda tem muita arma de fogo circulando. E o cometimento dos crimes, principalmente na região metropolitana, é regularmente registrado com esse tipo de dispositivo. Então é uma questão que realmente nos preocupa”, afirmou o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Márcio Marins Sant’Ana.

Problema que deve ser combatido com mais afinco nos próximos anos. “Existe uma recomendação específica de intensificar a abordagem”, afirma.

Segundo o coronel, ninguém transita com uma arma de fogo de forma ostensiva, que possa ser identificada facilmente. “É preciso que haja uma ação do policial militar de serviço, utilizando o seu tirocínio, a sua experiência para poder fazer a abordagem certa e conseguir êxito nessa apreensão”, disse o coronel.

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