quarta-feira, 27 de abril de 2011

Em represália à ocupação da Penitenciária Nelson Hungria, dois ônibus foram queimados nesta terça (26) por bandidos

Dez homens armados incendeiam ônibus em Contagem Em represália à ocupação da Penitenciária Nelson Hungria, dois ônibus foram queimados nesta terça (26) por bandidos Celso Martins - Repórter - 26/04/2011 - 18:36. Última Atualização: 22:20 Luiz Costa Ônibus estava vazio. Motorista e o cobrador foram obrigados a descer A Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, está longe de fazer jus ao título de “segurança máxima”. Com 1.887 detentos, a maior unidade prisional do Estado abrigaria pelo menos 300 celulares, drogas e dois revólveres calibre 38. Na tentativa de fazer uma ‘limpa’ geral, mais de 400 homens das polícias Militar, Civil e da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) fazem, há dois dias, uma varredura em todos os pavilhões. Em represália à ocupação, dois ônibus foram queimados nesta terça-feira (26) por bandidos. O primeiro ataque aconteceu nesta terça-feira (26) à tarde, quando dez homens armados com facas e pedaços de pau colocaram fogo num ônibus da linha Ipê Amarelo, em Nova Contagem. O ataque ocorreu a três quilômetros da penitenciária. Antes de queimar o veículo, os bandidos pediram para os passageiros descerem. Ninguém ficou ferido. Três homens atearam fogo no ônibus da linha 4405, no Bairro Coqueiros O segundo ataque do dia Mais tarde, por volta das 22 horas, três jovens armados atearam fogo no ônibus da linha 4405 (Coqueiros/Região Hospitalar). O veículo foi atacado na Rua Antônio Peixoto, no Bairro Coqueiros, Noroeste da Capital, na divisa com Contagem. O ônibus estava vazio no ponto final. O motorista e o cobrador foram rendidos e obrigados a descer. Com as chamas, duas casas ficaram sem luz e telefone por causa dos fios que foram atingidos. O auxiliar de bordo Jeferson Yago Moreira Lima, de 19 anos, lembrou que os três jovens armados e com quatro galões de gasolina, invadiram o coletivo por volta das 21h35. "Eles não queriam nada da gente, disseram apenas para descermos do carro, apontaram a direção para corrermos e atearam fogo", disse o auxiliar de bordo. O fiscal Felipe Jonatas do Prato Delfos disse que as chamas chegaram a atingir a rede elétrica. "Nós tentamos apagar o fogo com mangueiras. Os vizinhos tentaram ajudar, mas não foi o suficiente. Para não atingir o outro ônibus, parado logo atrás, pedimos para o motorista dar marcha ré até o outro quarteirão, longe dos postes, para não ser atingido pelos fios. As chamas comprometeram a rede elétrica de todo o bairro. Uma equipe da Cemig teve de ser chamada para restabelecer o fornecimento de energia. A polícia armou um esquema para tentar localizar os acusados do crime. Entretanto, até o início da madrugada desta quarta-feira (27), ninguém havia sido preso. Ocupação na Nelson Hungria A ocupação na Nelson Hungria ocorre quatro dias após a saída do diretor-geral da unidade, Cosme Dorivaldo Ribeiro dos Santos. No seu lugar, a Seds colocou Luiz Carlos Danúzio, considerado “linha-dura” pela cúpula da segurança pública do Estado. Ele esteve à frente do presídio Agostinho Oliveira Júnior, em Unaí, no Noroeste de Minas, onde conseguiu evitar rebeliões e combateu a entrada de armas e drogas. Em março de 2008, ele assumiu a Diretoria de Segurança Interna da Seds. Além da varredura na penitenciária, o serviço de inteligência do Governo do Estado investiga um grupo de agentes que estaria a serviço de presos do Primeiro Comando da Capital (PCC). A organização criminosa de São Paulo planejaria outros ataques a ônibus e bancos da RMBH. Um aviso sobre a operação na Nelson Hungria teria sido repassado por um agente aos integrantes do PCC que estão naquela unidade, conforme uma fonte da Seds. Com isso, em dois dias de vistoria, foram apreendidos apenas 16 celulares, 14 chips de telefone e 11 chuços – tipo de arma feita com pedaço de ferro. Os policiais também recolheram duas facas, uma tesoura, uma cegueta (tipo de serra) e 17 papelotes de maconha e cocaína. O alerta sobre os ataques do PCC foi dado por um suposto detento, que nesta terça-feira (26) falou com o Hoje em Dia por um dos celulares que estaria no interior da Nelson Hungria. Segundo ele, os homens que cuidam da segurança interna da unidade cobrariam R$ 3.500 por aparelho. “Os agentes entram com drogas, até cocaína. Aqui é um hotel de luxo, tá longe de ser uma penitenciária de segurança máxima”, revelou. Durante todo o dia, familiares dos presos denunciaram que eles estariam sofrendo maus-tratos e chegaram a passar números de telefones, um deles o 9294. 2210. Durante a conversa, o preso afirmou que o goleiro Bruno Fernandes, acusado de matar a ex-amante Eliza Samudio em junho do ano passado, estaria com um laptop e três celulares na cela. “O goleiro é vip (...). O Bruno tem tudo”, declarou. Sobre a atuação do PCC na Nelson Hungria, a Seds informou que a Corregedoria do Sistema Prisional está investigando possíveis desvios de conduta de agentes penitenciários. A direção da Secretaria negou a informação de que Bruno Fernandes manteria um computador portátil e telefones na prisão. Confira vídeo do ônibus em chamas. Vídeo cedido por Afonso Ebson da Silva:

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