quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Lentidão da Justiça beneficia mega-assaltante e ameaça sociedade

Lentidão da Justiça beneficia mega-assaltante e ameaça sociedade Líder de quadrilha de roubo a banco que usava até fuzil antiaéreo é solto porque prisão cautelar extrapolou 120 dias Fernando Zuba - Repórter - 16/02/2011 - 08:20 LUIZ COSTA Segundo o MP, Gordo teria liderado mais de 30 roubos a banco e carros-fortes A soltura do líder de uma das mais violentas quadrilhas de roubo a banco e carros-fortes do país traduz a morosidade e a desorganização do Poder Judiciário brasileiro e ameaça a segurança da sociedade. É o que dizem especialistas. Também conhecido como Gordo, Cláudio Maia dos Santos, 39 anos, foi libertado na semana passada por ordem do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Gordo aguardava julgamento na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. Foi solto porque a prisão cautelar não pode extrapolar 120 dias. Ele estava encarcerado há mais de um ano. Para o procurador de Justiça André Estêvão Ubaldino, que esteve à frente do caso, a liberdade do mega-assaltante de bancos representa um risco às pessoas de bem. “Trata-se de um homem ligado profissionalmente à prática de crimes violentos, que não tem outra opção de vida, a não ser voltar a roubar e matar, se preciso”, diz. Segundo ele, pequenas falhas em processos criminais podem levar à soltura de bandidos de alta periculosidade. “Um equívoco cometido em qualquer fase do processo pode deixar a sociedade desprotegida”, esclarece Ubaldino, que se diz frustrado com a situação. De acordo com o procurador, o Poder Judiciário brasileiro precisa se aperfeiçoar para evitar erros. Os roubos praticados pela quadrilha aconteceram entre 1990 e 2005. Na época, ficaram conhecidos como “Novo Cangaço” devido à truculência dos assaltantes. Eles cercavam os alvos e os alvejavam com metralhadoras e fuzis antiaéreos. Para o psiquiatra e psicanalista Marco Aurélio Baggio, a liberação de um bandido violento gera o aumento da sensação de insegurança no cidadão comum. “Vivemos em uma sociedade irresponsável, que não protege quem é correto e decente”, sentencia Baggio. Ele acrescenta que há o assalto a mão armada e também “com a caneta”, que seriam os crimes de “colarinho branco”. “Há brandura com os bandidos e a violência sempre prospera”. O presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), Adilson Rocha, considera que algo extremamente grave aconteceu para que Gordo fosse liberado. “O TJMG é severo e rigoroso na análise de liberação ou concessão de alvará de soltura em casos de roubo, tráfico de drogas e estupro”, afirma. De acordo com o especialista, mais de 70% das pessoas presas provisoriamente no Estado, hoje, cometeram um dos três tipos de crime. Entre os possíveis erros levantados pelo advogado para a libertação do assaltante estão a demora na apuração de provas contra o denunciado, o flagrante ilegal de provas e a frágil comprovação de envolvimento de Gordo nos delitos dos quais é acusado. Na avaliação do pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, sociólogo Robson Sávio, o sistema de Justiça lento e burocrático contribui para o aumento da violência. “Quando a sociedade vê um criminoso sendo beneficiado, passa a não acreditar na Justiça. Além disso, a sensação de impunidade poder gerar mais violência, pois as pessoas entendem que podem fazer Justiça com as próprias mãos”, adverte

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